A Carruagem de Fogo

Reza a lenda de Maiporã,cidadezinha escondida e esquecida no interior de Minas Gerais,que toda sexta feira,à meia noite e ao latir dos cachorros,a Carruagem de Fogo passava recolhendo os jovens perdidos na madrugada.

Não havia um jovem seguer com coragem o suficiente para esperar a dama da noite chegar,para ver a Carruagem de Fogo de frente,pois diziam que seu cocheiro era uma caveira que uivava de dor e para aqueles que ousavam encará-la de perto,tinham sua alma sequestrada.

Mas,um dia chegou a pequena Maiporã,um jovem desbravador,vindo dos rincões do centro de Minas,ele chegara a Maiporã numa quarta feira de sol,sendo logo informado daquela lenda urbana e estufou o peito e logo falou que de onde ele tinha vindo,já existia o Ipod e o serviço burocrático,quea história da tal Carruagem de Fogo não o deixara impressionado.

Seu nome era Celso,botava banca de bonzão,do tipo daquelas pessoas da cidade grande em visita aos prazeres do interior.

Rapidamente fez amigos,seja por admiração por trazer novidades da cultura tecnológica,ou pela coragem de enfrentar a Carruagem de Fogo.Por onde Celso passava,as raparigas suspiravam ao ver o heroi e os homens ficavam incredúlos de ver que aquele boyzinho iria enfrentar a Carruagem de Fogo.

Na quinta feira,a noite o seu Zé,o ancião de Maiporã,quis falar com Celso,dar-lhe os conselhos que a vida lhe ensinara,mas,Celso falou que não precisava,que sua coragem era maior que conselhos de um velho que não enxergava dez centimetros à sua frente.

Enfim a sexta feira chegou,o dia estava ensolarado,sinal de que a noite seria estrelada,mas como em Maiporã nem tudo é o que parece,à noite as nuvens encobriram as estrelas e a lua,todos ja estavam dentro de casas,ansiosos para que desse meia noite e os cachorros começassem a latir,para que o heroi Celso enfrentasse a Carruagem de Fogo.

Às 23hs41min,Celso já estava na rua principal da cidade,só havia ele e mais ninguém,a noite escura,agora ele sentia o coração se apertar dentro do peito,de repente sentiu algo molhado em seu rosto,parecia chuva,mas era o suor que minava de sua testa.

00h00,esculta-se o latir do primeiro cachorro,Celso não sente mais as pernas,os cachorros então passam a latir,escuta-se o rolar de rodas nos paralelepídos das ruas da cidade,Celso vê ao longe uma pequena luz,que se aproxima e se torna gigante,o heroi vacila e dá um passo para trás,começa a ficar treme que treme,Celso então repara que o que parecia ser o cocheiro da Carruagem,não estava na frente e sim atrás,empurrando-a,neste momento Celso achou forças para sair correndo e ninguém sabe para qual destino.

Mas esta história serviu de lição para o povo de Maiporã,pois alguém tinha inventado tal lenda,mas na noite em que foi desmascarado o heroi Celso,a lenda cai por terra,pois se Celso esperasse alguns minutos,veria que a tal Carruagem se tratava do carrinho de pipoca do Seu Geraldo,que vendia suas pipoquinhas na cidade vizinha e só voltava às sextas feiras,com o seu carrinho,com o lampião aceso e sua silhueta que realmente parecia uma caveira,mas não passava de um homem raquítico e trabalhador.

Poeta de Assis
Enviado por Poeta de Assis em 08/02/2009
Reeditado em 08/02/2009
Código do texto: T1428082
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