De propósito?
Certa vez, numa dessas carraspanas (de pretensa boemia), falava-se de tudo um pouco que não presta: Educação, futebol, Política, programação de Tv sem parabólica, putinhas de bar, livros de auto-ajuda (e de volta à Educação:), o "Purtuguês" atual. Mas, por fim, quando já ninguém mais se dispôs a cantar em coro inesquecíveis canções como "Eu Vou Tirar Você Desse Lugar" ou "Torturas de Amor" e sequer a bossinha do pato (só pra tirar onda), arranjou-se de falar de cornos! E pior; de tipos de corno (Ou seja, nada mais descartável)!
E que sociedade a nossa! Machista até umas horas! Porque mulher não contrai esse nome!
Nas engraçadíssimas brigas de tapas e puxões de cabelo (geralmente por algum fogo de palha) que, de passagem (e, cada vez mais, lenta passagem), presenciei, nunca ouvi uma que se esgoelasse ou dissesse: "– Sua corna! Ele é meu!".
"Chifruda", sim! Uma vez, penso eu! Já "mulher traída" (isto é, o clássico), uma se disse, aos prantos, depois da confusão!
Ora, deixemos de mão os cornos! Eles merecem dormir!
Mas o pior, sabe, talvez seja ouvir (como infelizmente já ouvi) de uma professora trintona a si mesma, o olhar fixo num pivete que devia ter seus dez anos: "– Meu fi(lho) vai comer todas.", e depois, indignada, aos amigos dizer ainda que "trair já é do homem".
De volta aos cornos (e queira Deus: Não mais à Educação), creio que lá pelo oitavo espécime, enquanto tateavam a lembrança de mais uma seqüência da vil "piada", eu, já absolutamente cheio daquilo, a um desses (dos poucos não-chegados), casado, inclusive, pondo-me em pé, repliquei: – "Corno conformado", é? Simples! O que vocês tanto pensam?! É aquele sujeito que, após a farra ou o trabalho, se praticamente não sapateia no tapete, adentra em casa com fortes pigarro e tosse, pra que dê tempo ao pobre do pé-de-pano, né? de pular a janela (sem que se machuque), dar um romântico beijinho de despedida em sua esposa, picar mula e esta (...que de mula, tem o quê? Nada!) ainda lhe aparecer, queixosa, com a voz embargada e a bocejar de repentino sono.
Dito isso, apoderou-se da maioria um súbito e profundo silêncio!
Daí, com um "boa noite", me despedi.
Teresina, 05 de Janeiro de 2009