Numa fria...
Severino sempre foi um adolescente exigente.
Na época que eu estudava mo curso secundário com ele, dedicando-me aos estudos, ele tinha outros propósitos: Mulher!!!
Como dizia: “Tinha que ser loira, com peitos grandes e sem neurônios.”
Mas só falava, pois não pegava nem resfriado...
Tipo do cara que "não comia ninguém..."
Certo dia eufórico ele me confidenciou: - encontrei a "mulé" da minha vida.
- Eu a conheço, perguntei-lhe?
- "Achu qui não, me disse, ela é cabacinha na iscola."
- "Di nomi Lindarva."
E perdido de amor,suspira pelos quatro cantos da sala de aula..."Lindarva...Lindarva..lora peitchuda, qui mina, só minha...bilezura di mulé..."
E passaram-se alguns anos.
O Severino mais e mais apaixonado.
Noivou no Natal de 1989, casou no ano seguinte.
Estava feliz com sua Lindalva, loira, de fartos seios e poucos neurônios.
Os anos passaram e eu não mais os vi depois do casório.
Certo dia, no bar do Sivuca lá pelas bandas de Madureira eu encontrei o Severino numa das mesas do fundo.
Me aproximei lentamente.
Percebi que ele estava “alto do chão”...balbuciando qualquer coisa, com um cigarro de palha no canto da boca...babando...
- Severino, meu amigo, há quanto tempo?
- “Ô xente” quem é tu cabra?...ti conheçu?"
- O Ariovaldo, lembra, do tempo de escola?
- “Mais ó seo minino qui cosa lindja incontrá vancê pela qui!”
- E como está a vida? - perguntei-lhe...
- “Tá não, nem pra cangebrina dá mais, seo Ariovardo.”
- "A coisa tá braba pras banda di cá..."
- Mas porque?
Severino tirou de sua carteira velha e mofa uma foto de mulher (quase nem cabia na enorme carteira).
- "Olha nu qui viro aquela mulé lora e peitchuda, Ariovardo!!!"
Olhei a foto, sentei ao lado do Severino, e pedi um copo duplo de aguardente, um pra mim outro mais pra ele...