PROVA
 
Aquele telefonema mudaria a vida de Nair. A princípio achou que fosse um trote, porém com a insistência da pessoa do outro lado, ela acabou acreditando. Quando o pôs no gancho era outra mulher, outro ser.
 
Mesmo assim agiu como toda dona-de-casa. Preparou o jantar para seu esposo, tomou banho, se arrumou, colocou a mesa com todo carinho. O que lhe disseram só podia ser motivado pela inveja, não era verdade. Mas algo mexeu com ela.
 
Quando Adalto chegou, Nossa! Foi sua expressão de admiração – é por isso que te amo.
Foi tomar banho, pôs uma roupa confortável, sentou-se à mesa degustaram o jantar. Foram para sala conversar um pouco, duas horas depois estavam no tapete persa da sala fazendo amor. Forte, intenso, apaixonado. No ápice do ato ele falou-lha: “Ah Nair como eu te amo!”
 
É mesmo? Então me prove!
Ainda meio tonto do êxtase!
O quê?
Prove que me ama, e não me esconda a verdade!
Não estou entendo!
Ligou uma mulher aqui dizendo ser sua amante e ter um filho de quatro anos com você.
Adalto ficou branco.
O quê..
Não me enrole, sei quando está mentindo, é verdade não é?
Como não conseguia pensar em nada, acabou admitindo.
Sim, me perdoe, querida.
Eu perdôo sim amor, te amo demais para perdê-lo.
O sorriso de Adalto iluminou-se.
Eu quero conhecer seu filho.
Fala sério?
Claro! Sei que ele não tem culpa da irresponsabilidade de vocês.
Bom... puxa, nem acredito meu anjo.
 
Dois dias depois Paulinho adentrava à casa de seu pai. Alegre, sorridente e espoleta como todo criança dessa idade.
Um anjo, ela murmurou. Abraçou-o carinhosamente.
Então, vamos ao parque?
Saíram os três em direção ao pico do Jaraguá
Caminharam até chegar ao lugar muito elevado.
Lembra-se da prova de amor que eu te pedi?
Claro amor, o que você quer?
Se você me ama mesmo e quer o meu perdão, atire esse bastardo daqui do alto. É um anjinho já estará a salvo.
Você está louca!?
Você me ama ou não?
Mas não a esse ponto e...
Cale-se seu descarado! Faça o que mando senão acabo com sua vida agora mesmo que está em ascensão na empresa...
Não pos...
Faça!
Ele olhou para seu filho que observava admirado a paisagem e nem prestava atenção na conversa deles.
Perdoe-me meu filho. Foi só um empurrão.
Satisfeita! Ele a olhava com asco e ódio.
Claro meu amor! Sabia que venceria. Beijava-o desesperadamente.
À noite fizeram algo, para ele, ódio, para ela, amor.
Eu te amo, ela sussurrou ao seu ouvido. Aquilo causou-lhe grande enjôo.
 
Dois dias depois ela saia de casa pedindo-lhe o divórcio. E ainda fora à policia denunciá-lo de homicídio doloso contra o próprio filho.
 
Quando Adalto ouviu os oficiais baterem em sua porta dizendo-lhe que já sabia de toda história, ele apenas abriu a gaveta de sua mesa no escritório, tirou uma pistola automática e virou contra a própria cabeça...
 
A porta fora arrombada os policiais entraram, ele respirava, e como a audição é a última função a se desligar do corpo ainda ouviu sua esposa chegar perto de seu ouvido e dizer-lhe: “Isso é para você aprender a nunca mais ferir o orgulho de uma mulher desgraçado!”

 
 
17/01/09
Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 18/01/2009
Código do texto: T1390507
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