Isso é Que é Tomar Providência!

No final de tarde, o sertanejo tem o sol como fonte inspiradora!Seus últimos raios, deixam os campos felizes e os olhos do matuto, agradecem, pois,agora é agradecer à Deus e esperar o amanhã, que com certeza,terá muito o que fazer.

Como ninguém é de ferro, nada melhor do que uma boa prosa lá na Venda do Seu Tibúrcio onde às tardes,o encontro dos lavradores é inevitável.

Um leva a rapadura que foi encomendada pelo Seu Tibúrcio outro vai para comprar alguma coisa, o Pedro catira vai para fazer as suas barganhas e como não pode faltar, tem aquele vai para tomar uma boa cachaça e ainda diz:

- É pra mode tirá a puêra da garganta!O dia hoje foi puxado!

Como diz o Timóteo.

Papo vai, papo vem, um conta um causo, o outro ouve atentamente e como um dedo de prosa,tem o seu lugar, quando menos se espera já é noite.

O dono da simples Venda mediava os assuntos, falava disso, falava daquilo e de repente entra um sujeito sem cumprimentar os presentes. Um sujeito calado, de um estranho sotaque,que deixava o pessoal,que há muito ali estava, em silêncio.

O cabra se dirige ao balcão e:

- O sinhôre é o Seu Tibúrcio?

E timidamente ele responde:

- Sim! E vocemecê?

Ele responde:

- Sô o Remundo do Bento! Ocê tem queroseno,vela e lanterna?

Aquela pergunta deixou uma certa estranheza no ar.

Veja bem:o querosene na lamparina, alumia, a lanterna alumia e as velas também!O que será que o Raimundo do Bento vai fazer com tudo isso?

Bem, mas sempre tem um que não consegue ficar calado.

E o Honório que tinha ido levar as rapaduras pergunta:

- Uai Remundol!Pra que isso tudo?É pra alumiá o mundo?

Timidamente o Raimundo respondeu:

- É não moço!É pra mode eu compará, as luz com as minha ideia!

E continuou o Raimundo:

- Óia!O queroseno na lamparina, alumia a minha paioça, a vela alumia minha crença...

E sem paciência o João tapera que tomava uma dose interrompe:

- Vamo home!E a lanterna?

E o Raimundo finaliza:

- É pra alumiá a istrada eu percurá uma muié!Eu sô muito sozin e só a solidão me qué!É mermo um disatino!Sô um Mané quarqué!

Aquilo causou um silêncio!

O Seu Tibúrcio, atendeu o solitário e quando este retirou:

- É o que eu sempre digo!Nóis sempre tem que tê uma muié por trais!A sulidão é triste!

A concordância foi geral.

O Honório saiu de fininho e o Seu Tibúrcio concluiu:

- É! Esse aí, deve tá ino percurá uma lanterna!O bicho tá numa solidão iguále um gambá sem dono!

Os outros riram!

E entre um gole e outro a prosa continuou.

Eu sai, fui pra cidade contrariado, pois, ali pra mim é o paraíso!É uma prosa atrás da outra!

Eu fiquei sabendo que o Raimundo do Bento alumiou uma mulher muito bonita!E se casou.Já o Honório...

Deve estar por aí com a sua lanterna.

É...

A felicidade a gente tem que buscar!

Inté!

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 16/01/2009
Reeditado em 05/06/2018
Código do texto: T1388621
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