Rapazes adolescentes, estudantes da única Escola Normal da pequena cidade onde a farda assemelhava-se à do pessoal do Tiro de Guerra local (cabos, soldados, etc.).
Nesta cidade ainda se comprava leite na porta das casas. Era trazido de fazendas próximas, no lombo de cavalos, transportados em galões de cobre. Os leiteiros saíam de madrugada das fazendas, e percorriam vários quilômetros até chegarem à cidade. Uma buzina pendurada e um grito em cada porta: olha o leite!! Na época, corria o boato de que o leite seria revistado, testado para verificação do teor. Se houvesse água, toda a carga seria derramada e o dono da fazenda autuado. Tudo ia bem até que três desses estudantes resolveram esperar esses leiteiros, na estrada por onde os leiteiros chegavam. Escondidos atrás de uma moita, os leiteiros passando, tranquilos e cantarolando, quando, de repente saem os três e gritam: Alto! É a polícia. Os leiteiros, coitados, tremiam até a base.
- Desce todo o mundo! Deixa eu provar este leite! Me dá uma caneca você aí! - Pois não, doutor, mas o leite é puro, tem água não.
- É o que vamos ver. Os três "encheram a pança" de leite fresquinho, ainda morno.
- Tem água! - Tem não sinhô! - Tem água! - Tem não sinhô! E assim a coisa ia até que os pobres tiveram que derramar todos os potes de leite no chão.
- Agora, podem voltar e dizer aos seus patrões que eles vão ser presos.
Voltaram, os estudantes de barriga cheia e às gargalhadas para a escola, quietinhos.
A notícia correu, os professores não sabiam a quem castigar. Ninguém se apresentou como culpado, os fazendeiros perderam todo o leite do dia, ficaram dias sem ir à cidade, escondidos da "polícia" e tudo ficou por isso mesmo ou, na linguagem atual, "terminou em pizza”.
Este "causo" meu pai-avô João José me contou, um dos rapazes é meu tio.