A justiça do meu país é injusta !
Já na dura estrada da vida, lembro de ver uma senhora cantar à tardinha quando olhava pela janela que dava pra esquina onde uma pracinha começava , só via a nesga da praça. Ali vários senhores bem idosos se juntavam a jogar cartas e algumas senhorinhas sentavam nos bancos aleatóriamente.
Eu via uma figura simples , mas de traços finos, seria uma remanescente de alguma família influente.O meu bairro de então era povoadíssimo de personagens assim.
Gostava de ir na padaria tomar café , ía sozinha, sou solitária sem ter solidão, invento coisas, participo de outras tantas , viajo, visito pessoas doentes, idosos, como eu e mais velhos ainda, claro tudo por que gosto, nada faço para não ficar sozinha.Se fico sozinha é hora de estar sozinha e administro bem isso.
Mas, hoje a vida é outra e o verão chegou . Fui para casa de praia, a casa de minha filha. Bem que vou e dois dias depois volto, mas como tenho carteira de residente do condomínio aproveito de tudo e as vezes saio de minha casa para caminhar lá, que tem o mar e muitas árvores, algumas amoreiras , no tempo delas ainda as como enquanto caminho.
Engraçado nisso porque nunca havia andando na balsa que nos leva ao mar passando por uma lagoa, tudo muito bem cuidado, e bem pago.
Na minha simplicidade não imaginei que ali ao meu lado sentariam jornalistas, artistas de Tv , e muitos estrangeiros. O que entendia ia armazenando, eles falam muito , parecem gralhas soltas, mas até que gostei. Quando olho para o lado vi a tal senhora que cantava , mas ali estava quietinha, mas pera aí se fosse a tal senhorinha pelo tempo decorrido tinha virado cera, e seria personagem de museu.
Então um fantasma?
Não, depois persebi era a filha da tal senhorinha. só poderia , nem perguntei , a semelhança era tanta que nem precisava.
A balsa chegou ao outro lado, atracou e desembarcamos. Levo minha matula, não sou boba , água, fruta,protetor solar, toalha , cadeira ... arrumei minha barraca e minha farofada, que ninguém saiba, porque rico adora comer de graça. Enfim, deitei chapéu no rosto e puxei um ronco, legal!
Xi !!!Á gua forte vinha banhar-me nos pés, acordei rapidamente percebi que não havia mais ninguém na praia e eu como voltaria se a balsa encerra as 17 horas com horário de verão , pensava já era mais do que isso.
Bem...Fui tentar a sorte e a última balsa ia saido gritei e o balseiro parou e eu corri e lá pulei na balsa , que se desingonçou toda, mas eu entrei!Apenas uma senhora na balsa e cantava , fui me chegando devagar como se visse , ouvisse... Um fantasma.
Não era a avó ? Não...
Deixei a balasa ir ... Quando chegou no meio da lagoa falei;
A senhora canta bem, é profissional?
Não, aprendi com mamãe, ela sim era profissional, cantou em vários teatros, operas e musicais.
Hum, acho que escutei sua mãe cantar, ela onde está?
Mamãe morreu faz algum tempo, parece que ela está aqui entre nós.
Mudei para esse condominio faz pouco tempo, os discos que ela vendeu para uma gravadora nunca foram pagos , eu entrei na justiça e ganhei, pagaram tudo corrigido.
Eu emudeci sai com a revolta na boca e não quiz nem diálogo, não por que soubesse ou nem imaginasse que a filha a maltratasse, mas ver aquela senhora ali como eu via e hoje sua filha estar morando onde mora por ter recebido o que não pagaram a quem de direito no tempo oportuno.
A justiça do meu país é injusta se não me falha a memória!....