Os tempos mudaram

Sábado passado resolvi dar um pulinho no Bar do Frangão, na Vila Zelina, ali na Rua Ibitirama com Av. Zelina, zona leste de Sampa, para rever os amigos, traçar uma carne assada e tomar um choppinho, que por sinal é um dos melhores do Brasil. Gosto , vez ou outra, de dar uma raspadinha ali por aquelas bandas porque; além de ter assados de dar água na boca, é também um reduto da torcida palmeirense, o time mais maravilhoso do mundo.

Assim que cheguei encontrei o Alcides, amigão do peito, que infelizmente como diz o ditado; ninguem é perfeito, e o Alcides, apesar de tantas virtudes, possui um defeito gravíssimo, ele é corinthiano.

Ficamos ali proseando por um bom tempo, enquanto beliscavamos uma costela na brasa. A conversa estava boa até que chegou o Nino e o Pepe, dois palmeirense fanáticos. E como não poderia deixar de ser, envergavam orgulhosamente a gloriosa camisa do Palestra. O Nino e o Pepe, assim como eu, somos da época em que iamos aos estádios quando as torcidas ficavam misturadas. Não havia essa de torcida uniformizada, cordão de isolamento, centenas de policiais tomando conta das torcidas. Era todo mundo junto. Palmeirenses e corinthianos sentados lado a lado, e o máximo que acontecia, quando um dos times tomava um gol, era você tirar um baita de um sarro do torcedor adversário e tudo acabava em gozação de ambas as partes, e acredite se quizer era só isso e nada mais, dificilmente saía uma briga.

Pois bem, voltando ao assunto, estavamos eu o Alcides conversando quando chegaram o Nino e o Pepe. O alcides fez uma bruta cara feia, largou seu prato e a sua cerveja, pagou a sua parte, se despediu de mim e foi embora. È que na semana passada ele tivera um bate-boca feio com o Nino, por causa de uma conversa sem pé e sem cabeça, a respeito da contratação do Ronaldo Fenômeno por parte da diretoria do Corinthians. O Nino insinuou que o Ronaldão estava muito gordo, e que quem contratou foi o corinthians, mas quem festejou a noite toda foi a torcida do palmeiras. O Alcides retrucou e a conversa começou a se esticar até que um deu um empurrão no outro, e se não fosse a turma do deixa disso eles teriam saído rolando para o meio da rua.

Tudo bem, o Alcides assim que viu o Nino, fez cara feia e foi embora, e eu, que também não sou flor que se cheire, joguei lenha na fogueira:

----Caramba Nino! Você espantou o Alcides! Foi só você chegar e ele deu perninha de cachorro! Se pirulitou!

O Nino com aquele seu vozeirão grosso, e com seu sotaque polenteiro, não perdeu a chance de zombetear:

----Ferretti... a camisa do Palestra além de ser maravilhosa, funciona, também, como repelente contra insetos. Sómente contra os insetos. Morou?

Eu não aguentei. Cai na gargalhada. Foi muito engraçado a maneira como ele falou.

E enquanto o bar ia se enchendo de palmeirenses, pedimos mais uma costela, um choppinho cada um e ficamos ali até altas horas rememorando as grandes conquistas do tempo da gloriosa academia comandada por Ademir da Guia, Dudu, Tupanzinho e mais um montão de craques, època em que as torcidas se respeitavam, os homens se respeitavam. E apesar do tempo teimar em querer apagar tudo isso, a memória de quem viveu essa época, insiste em manter aceso o romantismo dos tempos áureos do futebol brasileiro.

FIM

"Peço desculpas aos meus leitores por algum erro de ortografia, pois não sou escritor, sou apenas um humilde narrador de histórias. Caso encontrarem algum erro peço a gentileza de me avisarem para que eu possa fazer as correções necessárias. Muito obrigado."