A Viagem

O casal era jovem... Beijam-se escandalosamente o tempo todo. Beijos estalados, lambidos e explícitos. Tudo acontecendo dentro do ônibus, em plena manhã de terça feira, a caminho do trabalho.

Ô disposição danada! Quando se tem entre 18 e 20 anos é assim: ardente, impulsivo, apaixonado e irritantemente exagerado! Tive uma "inveja" horrorosa, coisa de desejo reprimido por falta de parceiro. Estava eu sem namorado há quatro meses. Que saco!

Fui no decorrer do trajeto ouvindo juras de amor daquele casal novo, de idade e de idéias, e de fogo também, que ardia até em mim. Como é linda e provocadora a juventude. Reportei-me para os meus vinte anos, foram bem divertidos.

O estalar dos beijos me fez viajar na água de coco, porque já que era pra viajar, que fosse numa água de coco docinha, fresca e saborosa.

Lá fora o céu azulzinho e um sol de fritar mamona. Sei lá porque desde novinha tenho mania de usar essa expressão!

Grande também era minha vontade de beijar na boca. Também depois de quase uma hora assistindo aqueles dois. Bonitinhos até! Que jovem não é bonito? Só os muito feios mesmo!

Estava euzinha na maior seca de beijos, a última pegada fora com um rapaz quinze anos mais novo. Pensa, numa loucura doida! Pois é, carência faz essas coisas. Faz a gente ter atitude que até os deuses gregos duvidam.

Socorro!!! Senti de novo a danada da “inveja” penetrar as minhas veias. Deu uma vontade desenfreada de beijar até dar câimbra na língua.

Finalmente desci do ônibus, já era tempo, com o cérebro cheio de erotismo. Torcendo pra conhecer um homem inteiro, legal e cheio de vida e de alegria, e que goste de beijar na boca também, pra matar toda a minha sede e depois beber água de coco a dois que ninguém é de ferro!

Escrito em 14/11/2006

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 09/12/2008
Reeditado em 09/12/2008
Código do texto: T1326808