Roque

O asfalto está quente, domingo de sol o mundo continua girando, e eu vou caminhando conforme minhas pernas deixam, hoje descobri que a fonte do meu prazer é caminhar pela selva de concreto, considero-me um predador nesta fauna conturbada pelo caos humano e o ódio espiritual que jorra num fluxo tão desacertado quanto meus pés inchados de tanto caminhar.

Mas a cada nova floresta de prédios e animais motorizados que passo, descubro um novo universo e dentro de mim coisas acontecem, e o feroz momento que algo maior do que eu me proporciono é raios azuis em tons lilás me fornecendo um paralelo planeta interno, disse a pouco que me considero predador, mas quando os outros como eu me olham a sensação que me vem é de que não sou produtivo, pois teus olhos me julgam, e não preciso me perguntar por que eles me olham assim, porque na verdade eles é que não sabe que produzo sem parar interiormente, a verdade é que não optei em dominar animais de rodas ou domésticos, não quis viver em grandes cavernas preferi como teto os céus.

Todos os dias e isso constantemente seguem o ritmo que as fontes me apresentam não paro em lugar nenhum sou do mundo e este me pertence, não preciso me estacionar para adquirir, nem estocar para ter, apenas adquiro, coisas novas não me farto de coisas novas, então em noites frias me aqueço com folhas de papelão, e muitas vezes a decoração de estrelas me dizem que amanha será melhor que o hoje, e que o ontem já ficou para trás e o futuro é um mistério tão valioso quanto um baú de jóias, me chamam de Roque.

Faz três meses que estou nesta jornada e um dia já não é igual a o outro, todas as fases que tive na adolescência não se comparam com as experiências que venho obtendo, mas nem tudo são risos, às vezes choro por que na verdade sou uma ilha, e um velho um dia me disse

NENHUM HOMEM TEM O DIREITO DE SER UMA ILHA

Talvez, ou não talvez, busquei essa qualidade de vida e muitos podem se questionar que qualidade seria essa, no entanto nasci vagante e aprendi olhar a vida com os olhos da alma, aprendo todo dia que reter é importante, mas dividir é dádiva e ter é bom, mas compartilhar ainda é o caminho do amor, e que só leva daqui o amor que se planta. Chamam-me de Roque porque foi o nome que meu pai me deu, era este também nome de meu avo, mas às vezes quando me falam do lutador do filme me empolgo e logo descubro que o lutador é fictício, então prefiro ter uma imagem de um lutador que sobe ao ringe e vence e não posso esquecer que com a vida não se luta apenas se vive.

guido campos
Enviado por guido campos em 04/12/2008
Código do texto: T1317866
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