O viajante e a vertente

O viajante e a vertente

Um viajante ia pela estrada numa calorosa tarde de dezembro. Estava com muita sede e tudo daria por um pouco de água fresca. Seu cavalo também estava suado e precisava se refrescar.

Alguns quilômetros adiante, encontrou dois colonos e, dirigindo-se a eles, disse:

- Buenas, amigos.

- Buenas. – responderam os dois.

- Estou cansado e com muita sede. – prosseguiu o viajante- E o pingo também está precisando matar a sede. Os senhores saberiam me dizer onde posso encontrar água?

- Pois, ali, depois da curva, naquele capão, tem uma vertente. – indicou um deles.

- E é a única por essas bandas. De muita serventia para todos nas redondezas e os viajantes como o senhor. – acrescentou o outro.

O viajante agradeceu e foi na direção indicada, enquanto os colonos seguiam o seu trajeto.

Ao chegar no capão, tomou água, molhou-se, deu de beber ao cavalo e descansou na sombra das árvores. Depois, arrumou água para o restante da viagem, encilhou o pingo e ia montar quando uma idéia lhe ocorreu:

- Nunca mais vou passar por aqui, vou deixar uma lembrancinha.

Foi até a vertente e fez suas necessidades nela. Não compreendeu? Mas bah! Necessidades...xixi...cocô

Pois bem, deixou a sujeirada toda lá e se foi.

No verão seguinte, fazia uma seca de lascar! E, vejam só, o tal viajante vinha naquela mesma estrada, esturricado de sede. Havia andado quilômetros e nada de água. Então, viu o capão e lembrou-se da vertente. Ele quase não conseguia mais ficar no lombo do cavalo, a visão turvava.

Apeou, foi até a vertente e matou a sede.

Pois é, paisano, nunca se sabe...