O DOCE SABOR DO LICOR DE AMARULA

Coloquei a garrafa de licor de amarula no congelador para, após o banho, degustá-la gelada, como o avô do Lagarto, “expert” no assunto, havia dito.

Enquanto relaxava em um banho, bem demorado, fiquei pensando como uma fruta silvestre oriunda das savanas africanas, poderia alcançar o mundo, como bebida tão apreciada pelos especialistas.

Divagava com meus pensamentos, quando o celular tocou...

Um acidente grave ocorrera nas proximidades de Foz do Iguaçu, envolvendo um ônibus de excursão da operadora de turismo que trabalhava.

Pronto! Era o que faltava! Reassumi o ritmo alucinante de minhas obrigações profissionais e, com o stress já elevado e, eletrizado por informação tão grave, passei as orientações a equipe de plantão no Rio de Janeiro para, independente de custo, manter permanente comunicação e apoio aos tripulantes e turistas.

De imediato, com a urgência requerida, embarquei no primeiro vôo com destino aquela Cidade.do Paraná.

Em viagem e em contínuo “stress”, repassei , mentalmente, as rotinas a serem utilizadas para resguardar os interesses da empresa e dos clientes, preparando-me para o pior.

Ao chegar, contudo, a situação estava sob controle, relativamente tranqüila, com o moral dos clientes, já elevado, para minha surpresa e satisfação.

O atendimento médico, por sinal exemplar, fora prestado pelo hospital do complexo da represa de Itaipu, a remoção e transporte dos turistas haviam sido feito em excelente ônibus de turismo por transportadora local, parceira em nossas atividades., e os turistas já estavam, devidamente acomodados, no único hotel, nível cinco estrelas, existente na região.

Orientei os tripulantes, quanto à substituição do transporte no mesmo elevado nível e no prosseguimento da excursão, com o pleno cumprimento do pacote turístico , além de autorizar alguns benefícios adicionais, como compensação aquele desagradável episódio.

Convidei os clientes para um requintado ceia aquela noite, no próprio hotel, quando tive a oportunidade de conversar, longamente, com todos, os quais foram unânimes nos elogios, não havendo nenhuma reclamação quanto aos serviços prestados., apesar de alguns apresentarem escoriações leves que imputaram ao fortuito acidente, já reconhecido como de responsabilidade de terceiros..

O caso mais grave, foi de uma senhora , aliás simpática e bem falante , que apesar de ter fraturado o braço, reafirmou as impressões positivas prestadas por seus colegas de viagem.

Após o jantar, em reunião com o advogado, que havíamos contratado, emergencialmente, para dar assistência local ao caso, fui informado que se tratara de um gesto tresloucado de um jovem que, após encher o tanque de combustível de seu carro e comentar com o frentista do posto que iria suicidar-se, alcançou a rodovia e, logo após, em extrema velocidade, entrou na contramão e jogou o referido carro, de frente, contra o nosso ônibus.

A colisão foi tão séria que o ônibus, desceu um barranco na rodovia, transpôs a cerca limite, feita de moirões e arame farpado, de uma fazenda, indo tombar já dentro da plantação de soja

Com o fato já esclarecido na Delegacia de Polícia local, com laudo pericial e depoimentos de testemunhas e outros, nada havia a fazer, bastando ao advogado acompanhar o inquérito até sua final conclusão.

Lamentamos, ainda, a morte do jovem, incompreendidos das motivações que chegam a levar uma criatura a essa decisão.

Após as despedidas, acomodei-me no hotel, já bem tarde, tomei um banho relaxante, vesti o roupão e fui tomar uma bebida para ficar mais calmo e poder dormir.

Abri a geladeira e...

Caramba! Putzgrila!

Só aí, lembrei..

Liguei, de imediato, para casa e pedi a MC, minha santa esposa, para checar o congelador.

A resposta veio rápida...

"O LICOR DE AMARULA EXPLODIU!... O DOCE SABOR DO LICOR DE AMARULA, JÁ ERA!"

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ViniciusSanches
Enviado por ViniciusSanches em 15/11/2008
Reeditado em 17/12/2008
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