CAFÉ COM PÃO, MANTEIGA NÃO! OU A GRANDE CAGADA!
Dez horas da noite, estávamos todos embarcados na Maria Fumaça que nos levaria a Cidade de Campos em viagem noturna ao norte fluminense. O ponto de partida era a antiga estação de trem de Niterói, hoje zona portuária.
De repente, uma enorme vontade de fazer cocô. As diversas besteiras que comi ( balas, biscoitos, doces, bolinhos, mariolas, caldo de cana, e etc. ) ou a ansiedade e excitação pela misteriosa viagem, eram, sem dúvida, as causas.
Procurava o banheiro da estação, quando raciocinei: e se eu estiver cagando e o trem apitar a partida? Eu vou ter que sair do banheiro com as calças nas mãos, cagando e correndo, para não perder o trem?
PQP.
Mudei de idéia e, ainda “apertado”, lembrei que no fundo do vagão havia um banheiro “unisex” e lá entrei.
Fechei a porta e vi um banheiro limpo, porém estranho pelos anos de uso: piso de metal amarelado, paredes de madeira escura, iluminação fraca, vaso de metal com tampa de madeira e pelas frestas da janela podia ver a intensa movimentação de cerca de umas cem pessoas, logo ali, próximo a janela, em verdadeira festa de despedida.
Examinei o vaso, limpei e o forrei com papel higiênico, notando que o fundo era um buraco por onde se via o terreno abaixo do trem, limpinho, todo varrido, pois estávamos exatamente na frente do embarque dos passageiros e onde ficavam os parentes para o último adeus.
Não havia jeito, seria ali mesmo. Sentei e descarreguei o barro.
Valha-me Deus, foi inacreditável...A MAIOR CAGADA DA MINHA VIDA, dessas de prisão de ventre: três toletes enormes, verdadeiros troncos de árvore. (Fiquei até mais leve e aliviado). UFA!
Saí rápido do vagão, entrei no meio do pessoal que estava na plataforma de embarque e, de longe, disfarçadamente, olhava para a obra que havia feito, intensamente iluminada pela luzes da estação
Verdadeiro espetáculo, parecia que todos estavam em um museu apreciando uma obra de arte. Algumas crianças, sem ter a frescura e a babaquice dos adultos, riam e apontavam, impressionadas com aquela cagada.
O trem apitou, piuí... piuí... píuííí..., o pessoal da plataforma dava adeus e, pouco a pouco, tudo aquilo era passado, mas eu estava orgulhoso...
HAVIA BATISADO A ESTAÇÃO DE TREM DE NITERÓI.