A EMBRIAGUEZ DO SUCESSO
Estamos no ano de 1998, uma sexta-feira 13,rumo à Curitiba.
Objetivo: Prestigiar a inauguração de uma filial de um banco.
Banco?: Putz, são todos iguais,só querem faturar em cima do cliente.
Saímos de S.Bento do Sul/SC (não sabes onde fica?,consulte),
às 18 horas. E cerca de 1 hora lá estávamos nós:
Eu (nome do burro sempre à frente),Zezinho e Gil.
Esclarecendo: Zezinho era meu diretor n’uma fábrica de porte médio.
Eu: o gerente administrativo e financeiro e
Gil: o gerente comercial da empresa de móveis.
Engravatados, sorridentes comparecemos ao evento.
Uma bosta: os discursos afirmando que o banco iria “ajudar” a clientes e
“parceiros”...etc...e tal...já estávamos o saco a coçar...
Após: uma confraternização (tava mais pra sacanagem): salgadinhos,
cerveja meio quente,whisky e campari.
P.Q.P, e nós com uma fome do cão, danada.
Chamei o futuro gerente da filial do banco e lhe disse: parabéns cara, isto
é um marco importante,uma filial em Curitiba para atender toda região,inclusive nós lá de Santa Catarina.(Saco não sentia,mas disse)
Fomos saindo de fininho, rumo ao jantar consistente, no Fogo de chão,
restaurante gaúcho,carnes de todo o tipo e qualidade,cerveja gelada.
O ambiente estava lotado, confraternizações, amigos de bate papo das
Sextas-feiras,comida farta e música ao vivo, claro gauchesca...e chimarrão.
Fartamo-nos e bebemos (Na época eu diria que comíamos como passarinho mas bebíamos feito camelo).
Pois bem,cabeça feita, nós três: Zezinho o diretor, eu o financeiro e o
Gil, que no momento fora rebaixado ao cargo de nosso motorista.
- Putada, onde vamos agora??? Era o Zezinho já com outras intenções...
Falei: uma boate, mulherada, putas,strip tease, viriam a calhar, quê acham?
Unanimidade: fomos, rumo à Casa noturna Metrô, na Praça da República(sei não se ainda existe).
Um detalhe: na época cursávamos a escola de inglês Fisk (3º ano),e, desde
a chegada e saída do restaurante, ar de esnobes,balbuciávamos, em conversação, algumas merdas na língua britânica.
Mas sim, chegamos ao puteiro (oops...casa de shows com nus ao vivo) ...
Estava lotada e conseguimos um lugarzinho no alto da galeria (som da música estourando nossos ouvidos...) O lugar mais FDP do inferninho...
Veio um garçom ,simpático (meio abichalhado, existe meio???)
- O quê os cavalheiros vão pedir? (Gostei do tratamento...três engravatados e bebaços murmurando um inglês gutural)
E eu em tom severo, falei: Pó cara,estou trazendo um cliente meu dos Estados Unidos,manja, um americano e estamos aqui nesta bosta de
Zona, sentados na última fila para assistir esse show mixuruca.
- Um momento cavalheiro, saiu o garçom em disparada...
Veio o gerente da casa: Posso lhes ser útil?
Falei: cara nas últimas cadeiras, não ficaremos para o show, e isto vai pegar mal ao seu puteiro... (carteirada).
E ele :amigos, creio que tenho uma solução...
Logo a seguir veio sorridente:
- Vocês e seu amigo americano irão sentar na primeira fila,frente à pista
de show. (O Gerente havia pedido à clientes antigos e amigos para cederem o lugar a gente muito importante,rssss, nós...PQP,fria...)
E lá fomos nós, eu e Gil balbuciando algumas palavras em inglês para o nosso fajuto “cliente” Zezinho, (ainda bem que os da casa não entendiam, senão estávamos fodidos):
- Ok, we are going there...to appreciate the show…
Nova mesa, frente à pista de strip tease...
Começa o espetáculo.
Pedimos cerveja e whisky, mas para o Gil uma coca-cola...(ora,nomeamos como motorista). Ele ficou puteado...
As garotas se apresentando, belas, brilhantes, sensuais...
Pedimos seguidamente, cervejas geladas e whisky on the rocks e naturalmente coca-cola para o motorista (sacrinagem)
Não agüentei, quando uma baianinha dançou,linda,meiga, um tesão, me apresentei na pequena pista de apresentação,e, nos agarramos,
dançamos....sensação,aplausos...eu naquela embriagues fiz sucesso...
De volta à mesa, já estávamos com três estrelinhas do show ao nosso lado, a baianinha comigo, uma carioca com o Zezinho e uma gaúcha com o pseudo “motorista” Gil,e nossos papos em inglês e traduções às beldades de quê o nosso prezado americano Zezinho falava (ah.ele era para todos os efeitos Mr. Brown)...
- Mr Brow: Maurélio I wana dance with the girl from Bahia!
E elas curiosas: o que ele falou?
E eu: ele disse, sinto muito, não vou dançar com nenhuma de vocês porquê estou muito cansado da viagem.
Foi um lamento geral entre as garotas, todas queriam dançar com o boy americano.
Zezinho ficou possesso, mas não podia desabafar em português...
E, sussurrando em meus ouvidos: amanhã estarás na rua...seu viado,eu quero dançar com a baianinha!!!
Não dei nem bola, deixei ele a resmungar em inglês,palavras inexistentes e
ininteligíveis
A história da presença dos industriais brasileiros com o americano não terminaria aí... eles davam gorjetas de dois reais ao responsável pelo
WC ...e garganteavam pela boite que eram muito poderosos...ricos...
Na hora de pagar, pedi a nota fiscal, a conta foi alta(debitada posteriormente na contabilidade da empresa sob a rubrica de: despesas de representação,rsss),
e tirei um cheque...banco de Santa Catarina...e o caixa estupefato?
- Cara vocês não são americanos???
Falei: eu não,apontando para o diretor Zezinho,completamente embriagado,
é só ele...nós somos industriais brasileiros, e da pesada.
Saímos cambaleantes da casa,amparados pelo nosso querido motorista,e
aguardamos o carro para a volta, de madrugada...quase manhã...
No retorno eu e Zezinho viemos dormindo(ou desmaiados,sei eu), tranqüilos, e, o Gil em abstinência alcoólica forçada, dirigindo....e xingando... Nunca mais conseguimos convence-lo a participar de qualquer festa,conosco.
Foi a embriaguez do sucesso, logo tivemos a notícia que o banco foi pro
pau, a baianinha linda casou com um milionário argentino, o gerente da casa formou-se em direito,o garçom fez um curso de inglês...e estão todos esperando nossa nova visita, só nós estamos fodidos...(Plágio de filme americano vagabundo).
Nós eh,eh,eh,... lá nunca mais! Após esta historinha massacre total...
Só quero alertar( se nossas “santas” mulheres lerem o texto, que é pura imaginação minha,...xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii (No matter what happens)
Infelizmente, anos depois nosso amigo e companheiro Zezinho faleceu e o
Gil ficou GAGÁ, que nem eu...hoje só babando para as mocinhas.
E assim todos foram felizes para sempre.(P.Q.P. vou dormir).
Próximas aventuras, se eu não abotoar a camisa, na próxima edição!
ATÉ LÁ!