Coisas do Destino

Hoje bem cedinho acordei com a imagem de teu rosto em minha mente. Aquele teu sorriso devastador, avassalador, desconcertante me sorria e me chamava pra perto de ti.

De olhos abertos, sobressaltada, pulei da cama, toquei o travesseiro que ao meu lado estava e procurei por você. Vi ali a marca de tua cabeça que horas atrás ali repousara, tomei-o em minhas mãos, levei ao meu rosto e aspirei o perfume que o impreguinava.

Logo uma súbita paixão se apoderou de mim, inebriando - me os sentidos. Nunca havia sentido algo assim..., tão mágico, tão louco..., tão..., tão confuso e gostoso. Agora já de pé, corro para o banheiro, arranco as roupas do corpo, meio desajeitada, desesperada, louca pra ganhar o mundo atrás de você.

Desta vez não demorei como de costume diante do espelho, vesti-me o mais rápido que pude, precisava encontrar-te urgente. Caso de vida ou morte!

- Oh, meu Deus!Deseje-me sorte! – dizia comigo em silêncio pra não atrair azar.

Nas ruas da cidade, não respeitava sinais de trânsito, nem pedestres, pouco me importava com o bem estar dos que me cercavam. Precisava me salvar da solidão que se aproximava, precisava imediatamente te encontrar, ou seria ali o fim de minha vida, minha sentença de morte. Mas adiante um engarrafamento terrível impedia-me de prosseguir, desci do carro, e descalça comecei a correr. Não podia perder esta oportunidade por nada. Há tempos atrás eu jamais teria feito isso, mas agora..., nada mais me impedia de demonstrar meus sentimentos, de abrir o coração, de me entregar sem reservas, sem medos, afinal de contas, Eu amo você!!

Claro que demorei demais pra perceber, mas a vida é assim. Complicamos tudo, pra só depois entendermos, que o difícil é fácil, o fácil é difícil e, que as coisas na vida da gente só acontecem uma vez (se mais de uma, não é pura sorte, é a mão do destino nos guiando pra que sejamos presenteados com o sobrenatural.).

Apaixonada, enlouquecida, já não corria, “voava” e gritava seu nome tamanho o meu desespero e anseio em ver-te. Malas no chão, passagens na mão, de cabeça erguida, olhos fixos no painel de vôos, você ali parado. Olhava o relógio e impaciente batia os pés. De repente como que por impulso parou e olhou em minha direção, (eu, que vinha correndo feito uma louca, parei e, fiquei ali, sem palavras apenas com as lágrimas que me escorriam dos olhos e molhavam meu rosto, esperando apenas um sinal teu para que me aproximasse.) Foram longos segundos de agonia, de angústia, pura adrenalina. Até que você recolheu as malas do chão, deu meia volta e se foi...

Naquele instante senti como se meu coração parasse de bater e, o sangue nas veias congelasse. Engoli o choro e de cabeça baixa, mãos nos bolsos, (os sapatos eu havia perdido no meio do caminho, mas isso não era o mais importante agora, perdi você!) fui andando em direção a saída, atordoada, porém convencida de perder você, até que..., alguém me tocou o braço esquerdo e disse:

- Moça tem um rapaz chamando você.

- Onde? – perguntei

O moço me apontou a direção, e vi o que não imaginava ver. Você correndo sem as malas em minha direção, de braços abertos, sorriso no rosto.

- O que você está fazendo aqui? - me perguntou

- Eu te amo!!! Fica!! – disse fazendo beiçinho.

- Ficar onde? Estamos indo pra casa, lembra? – você gargalhava e eu não entendia o

por que de tanto riso.

- Por que você ia me deixar? – perguntei chorando...

- Te deixar? Eu? Jamais!

- Então por que aquelas malas? Por que saiu cedo sem me avisar?

- Ah! Eu vim deixar a mamãe aqui, esqueceu? Não te acordei porque você estava zangada com ela ontem à noite e, não achei conveniente que vocês duas se encontrassem hoje cedo.

Corei de vergonha e raiva.

- Da próxima vez meu bem, manera no shampanhe! – Sorriu, me deu um beijo e disse em voz alta:

- Eu te amo!!!

- Eu também!!!

Déborah Nascimento
Enviado por Déborah Nascimento em 17/10/2008
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