A MESMA MERDA
Os dois compadres encontraram-se, naquela manhã de domingo,
ali na vendinha do Seu Anacleto e, após os cumprimentos costumeiros,
começaram a bebericar umas cangebrinas e a papear aquelas conversinhas corriqueiras de todos os dias. Prosa vai, prosa vem, e de repente, do nada, um dos compadres começa com uma conversa meio sem pé e sem cabeça.
----Sabe... cumpadre Bastião, eu tô aqui pensando cus meus botões um troço meio engraçado!
----Uai cumpadre! Pensando o quê?
----Sabe o que é cumpadre... nóis tá qui cunversando numa boa, sem prercupação nenhuma e... sei lá... de repente te dá um troço e vós mecê morre!
----Vichi cumpadre! Sê tá ficando doido? Vira essa boca prá lá sô!!!
----Não, cumpadre Bastião, é só de cumparação cunquê eu pensei!
----Uai! Mais num tem outra coisa mió pra se pensar não!
----È qui vós mecê num intendeu ainda qui é só de brincadeirinha!
----Ah bom! Se é só brincadeirinha então continua a história!
----Sim... conforme eu tava dizendo... te deu um troço e vós mecê morreu. Ai, então, depois daquela choradeira toda, a gente vai e te enterra. Tá escutando compadre Bastião?
----É lógico que tô! Eu não sou surdo!
----Pois bem! Depois de enterrado, vós mecê, fica ali debaixo da terra apodrecendo e acaba virando adubo pra terra. Certo!
----Certo!
----Ai, então, depois de um certo tempo nasce na sua cova uma grama bem verdinha. E de repente vem uma vaca e come toda a grama da sua cova. Lógicamente como tudo que entra tem que sair, numa certa hora a vaca dá uma cagada e solta aquele baita monte no chão. Eu olho para aquilo espantado e comento: ----Nossa cumpadre
como o senhor mudou!
O compadre Bastião ouviu toda aquela história pacientemente e no final apenas olhou matreiro, com o canto dos olhos, para o outro compadre e não disse nada. Apenas tirou, do bolso, o seu cigarro de palha, acendeu, deu uma tragada e uma guspida pro lado e arrematou:
----Sabe cumpadre Vitalino, dias desse eu pensei a mesma coisinha que o senhor!
----È mesmo cumpadre? Num brinca! E como foi?
----Eu pensei o seguinte: O senhor tá ai bonzinho cunversando e de repente te dá um troço e vós mecê morre. Ai, então, depois daquela choradeira toda, iguarzinho no meu velório, a gente vai e te enterra. Depois o senhor fica ali apodrecendo até virá adubo prá terra, e após algum tempo nasce, também, na sua cova uma grama bem verdinha. Certo?
----Certo!
----Pois bem, ai ,então, da mesma maneira, aparece uma vaca e come toda aquela grama que havia nascido na sua cova. E como vós mecê mesmo havia dito, tudo que entra tem que sair... de repente a vaca dá uma tremenda de uma cagada e solta aquele baita monte no
chão. Eu olho para aquilo sem nenhuma surpresa e comento em voz alta: ----Nossa cumpadre... vós mecê num mudou nada... continua a mesma merda!!!
FIM
"Peço desculpas aos meus leitores por algum erro de ortografia, pois não sou escritor, sou apenas um humilde narrador de histórias. Caso encontrarem algum erro peço a gentileza de me avisarem para que eu possa fazer as correções necessárias. Muito obrigado."