O Super espermatozóide chamado broca
Como todos sabem, ou pelo menos deveriam saber, os espermatozóides tem uma vida muito curta do ponto de vista dos seres humanos e, possivelmente, do seu próprio ponto de vista, levando-se em conta a velocidade incrível com que se movem, provavelmente, sabedores que são do curto tempo de vida que possuem para atingir o seu objetivo final.
Havia entre os espermatozóides daquela geração, um que parecia ser o mais forte, o mais rápido e também o mais determinado a realizar o seu sonho e, que, além disso, teve a sorte de ter sido gerado dentro de um rapaz muito bem apessoado, chamado Alfredo.
O espermatozóide, cujo nome era Broca, estava num grau de ansiedade acima do normal, pois sabia que a hora de sua emocionante viagem estava prestes a acontecer e, ele, aplicado como era, já se posicionava nas primeiras fileiras, para sair na frente dos demais.
À medida que o importante momento se aproximava, a excitação de Broca chegava às raias da loucura; suava frio, doía-lhe a barriga, o coração disparava, o rabinho bambeava, urinava sem parar, a boca lhe secava, mas, mesmo assim ele rezava com todas as suas forças, para ser bem sucedido, naquela que seria a grande aventura de sua curta vida.
Mas, para sua enorme decepção, quando explodiu o jato que o levaria rumo ao seu destino, ele foi jogado -violentamente- num lugar totalmente diferente -inóspito e seco- daquele que tinha aprendido a visualizar em sua formação continuada, não reconhecendo absolutamente nada daquilo que havia aprendido com seus mestres.
Por sorte e, também por ser previdente, lançou mão dos mapas que na última hora resolveu incluir em sua bagagem de mão.
Depois de muito estudar o local e compará-lo com o seu mapa, que por sinal era muito falho ao mostrar essa região, descobriu assustado que se encontrava num lugar chamado de "Coxas". Usando uma bússola que também incluíra em sua bagagem de mão ( naquele tempo ainda não existia o GPS), conseguiu se mover com grande dificuldade, pela ausência de umidade, até encontrar a grande mata, atrás da qual, se encontrava a entrada que o levaria rumo ao seu glorioso destino.
Completamente mole -pressão baixa, talvez- pelo grande calor que fazia naquela região, combinado com uma falta absoluta de umidade, conseguiu mesmo assim -como fazem os heróis- atingir o seu objetivo; já quase desidratado, acometido por delírios de quem se encontra febril e quase sem conseguir respirar. Um verdadeiro "caco"...
Lá chegando logo percebeu que a caverna estava lacrada, pois nunca houvera sido explorada. Aquela descoberta foi um tremendo balde de água fria sobre sua cabeça enorme, desabando sobre ele um grande desânimo e uma vontade incrível de chorar.
Na verdade chegou a dar algumas cabeçadas nas paredes daquela caverna, tal foi o desespero que o dominou por alguns minutos...
Mas, guerreiro como era não se deu por vencido e, começou a cavoucar com as próprias mãos, aquela muralha que o separava do seu destino final, cujo nome, conforme ele havia lido em algum conto, era qualquer coisa parecida com Cabaço.
Depois de um trabalho extenuante, deixando-lhe os dedos em carne viva e sangrando, conseguiu abrir uma pequena fresta no tal cabaço, transpondo-o e mergulhando, em seguida, gloriosamente, ao encontro daquela linda bola que ele já vislumbrava à distância e que, o atraia, irresistivelmente... Era para ele a visão do paraíso!
Talvez a parte mais incrível dessa história, que faço questão de contar é que, aquele de quem se originara, Alfredo, no caso, recebeu de seus amigos e dos seus inimigos também, o carinhoso apelido de "Broca", em homenagem àquele herói que havia completado -graciosamente- o seu trabalho.
Para o total infortúnio do dito cujo...
Muitos são os casos relatados na história onde o filho supera o seu pai em fama, honrarias e sabedoria, mas desconheço algum, como esse, onde a criatura dá -pela sua competência- o seu próprio nome àquele que o concebeu... Isso é fantástico!