JUSTIÇA CÉLERE
No início dos anos 60 não havia água encanada em Santa Cruz (RN) e o abastecimento doméstico se fazia por meio de carroças que transportavam água do Açude Santa Rita que se localizava logo após a ponte que liga o centro da cidade ao bairro Paraíso.
A Rua Grande, como era e ainda é chamada a atual rua Dr. Pedro Medeiros, não era pavimentada, mas era bastante agitada, não só por ser a principal artéria comercial, mas também por ser passagem obrigatória das carroças que abasteciam com água, as casas santacruzenses.
Certo dia, aproveitando a sombra de uma tarde preguiçosa, encontravam-se sentados, na calçada do Cartório: o titular João Ataíde; seu filho e auxiliar Tarcísio Ataíde; Zé de Lima, Oficial de Justiça e o Juiz de Direito da Comarca de Santa Cruz (RN), no período de 1960 a 1964, Dr. Djanirito de Souza Moura.
Fumando o seu charuto cubano, Dr. Djanirito observou que um dos carroceiros, passava apressado, nas imediações do consultório do Dr. Jácio Fiúza, dentista e ex-prefeito da cidade, berrando e chicoteando o burro da sua carroça para que este fizesse o percurso mais rápido e, assim, aumentasse o número de viagens e, conseqüentemente, o faturamento.
De pronto, o Juiz de Direito correu até o carroceiro - alcançando-o mais ou menos nas imediações da casa de Lindolfo Ferreira de Carvalho – e, segurou as rédeas do burro, fazendo parar a carroça. Rapidamente, Dr. Djanirito tomou o chicote do carroceiro e com este infligiu-lhe algumas chibatadas. E deixou o recado:
- “Olhe! Escute bem! Avise a todos os outros carroceiros: Se eu vir alguém maltratando os animais, eu vou colocar na cadeia, por 30 dias – a pão e água”.
- “Os carroceiros se borravam de medo do Juiz” – disse Tarcísio Ataíde, testemunha ocular do ocorrido e que do Planalto Central nos contou esta história. E, ainda, acrescenta: “Enquanto o Dr. Djanirito foi juiz em Santa Cruz (RN), os animais foram tratados muito melhor. Ficaram mais gordos e tiveram as suas feridas saradas”.
Este é um caso raro de justiça célere.