OSÓRIO DA ONÇA (COR)

(CORRIGIDO0)

OSÓRIO DA ONÇA .

Pelas bandas de Uruana, a algumas décadas , aconteceu um fato inusitado

com o Osório , ‘criolão’ dos brabos , autêntico representantes dos Bantos , raça

africana , se não me falha a memória habitava pela Angola a dentro . Valentão,

perturbava a todos , mulatas , morenas , brancas , ruivas , até mesmo uma loiri-

nha , diziam , já andara arrastando as asas por ele . Dizia ela que queria um rela-

cionamento a fim de cruzarem as raças , julgava ser a única maneira de

contribuir para o fim do preconceito racial , principalmente no interior , onde a

cultura escravista estava ainda com suas reminiscências afloradas , graças a a-

gricultura rudimentar , usadas pelos antepassados daquela região .

Osório não perdia tempo, além de ser bem falante contava algumas van-

tagem , principalmente quando fazia uso da cachaça , hábito usado nas cidades

interioranas e seus arrabaldes . Desta feita esbravejava, cuspindo de tanta euforia,

com os cantos da boca espumando de excitação :

- “Oia" cambada , vou deixar uma porção de “capiauzinho” por aí , uns ‘azuli-

nho’ , que nem eu , outros de ‘zoio’ azulinho que nem o céu . . . se bem me lembro ,

na última caçada que fizemos de encomenda nas terras do "Veio" Pedro , tinham

onças acabando com seus animais , ofereceu $ 2o.ooo vinte contos de reis por ca-

beça , com direito de ficar com os couros das danadas ". . .

Olha que o nosso herói sumiu de nossas vistas por um bom tempo , voltan-

do a circular alguns meses depois , já com uma bicicleta de dois canos , campainha ,

farolete e alguns olhos de gato . Nos botecos começaram a alegrar e emocionar os

freqüentadores com suas bravatas :

- Não há de ver turma que naquela toca, quando eu descarnava uma pintada.

que fora abatida , apareceu outra muito maior partindo p`ra cima de mim , "Seu Pe-

dro e os outros caçadores levaram os cães de acuo , já haviam decido a ribanceira ,

a única coisa que tinha era a faca que estava na minha mão , com ela após uma

luta corporal medonha consegui cravar o aço no peito da bicha . . .

Após divulgar a sua última façanha pelos botecos, bares , lanchonetes ,pros-

tibolos , por todos os locais onde havia pequeno público , ganhara o apelido carinho-

só de "Osório da Onça" , não sabemos bem se era pela caçada ou se era pela loira de

olhos azuis , que muito embora loira , era tremendamente feia .

Pedalando pelas ruas da cidade a sua potente aranha , ao aproximar de um

barzinho , seu ponto predileto , eis que pula de um muro bem na sua frente , uma legi-

tima onça pintada , assustados , corre cada um para lados diferentes , episódio pre-

senciado pelo dono do boteco e alguns fregueses , um deles grita :

- "Segura essa aí Osório , que nós vamos lá dentro buscar outra" . . .

Correndo todos para o interior do estabelecimento e fechando a porta , deixam

o nosso amigo e sua companheira , soltos , tentando cada um salvar a própria pele .

Goiânia, 23 de julho de 1998.

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 30/08/2008
Reeditado em 28/02/2011
Código do texto: T1153832
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