A saga da rodoviária

Após o feriado de Páscoa, eu me dirijo à rodoviária da mais prodigiosa cidade do Universo: Campinas!

Após descer do carro e andar cerca de 20 metros até o local da entrada, um homem de barba mal feita e obviamente sob o efeito de drogas chega ao meu lado e pronuncia:

- Aí muleque, tô vindo lá da penitenciária 4.

Lembro que o cidadão estava com a mão direita no bolso do calção: ou lá havia um 38 ou havia uma mão se fazendo de revólver.

Nesse exato momento, eu profiro, através das cordas vocais, dos gestos corporais e exalando a fumaça do cigarro:

- Pfff, tsc tsc (ao mesmo tempo, faço um sinal de negativo com a cabeça)

Então, dou as costas ao marginal, me dirigindo ao interior da rodoviária.

Foi o momento mais "sangue-frio" deste ser que aqui escreve. É, definitivamente, impossível descrever a sensação de dar as costas a um sujeito possivelmente armado.

Só sei que olhei pra trás de canto de olho, e em determinado momento o corintiano bateu com o pé calçado de chinelo no chão, como que querendo me intimidar.

Nesse momento, eu já estava esperando um tiro no rim esquerdo.

Mas, para o bem estar geral da nação, o idiota estava blefando: Ou não estava armado ou se recusou a disparar em local de público amplo.

Rumei ao interior da rodoviária e não mais vi o bandido. Na certa percebeu que aqui é campineiro de sangue frio e coragem ímpar.

A saber: na mochila estavam: roupas com valor superior a R$500, MP3 player, 5 cervejas belgas, 2 pen-drive, carteira com R$80, bens de valores pessoais. E mais o cartão do banco, que poderia estimular o fétido sujeito a praticar um sequestro relâmpago.

Após o incidente, pensei: "ESSA PORRA DE CAMISA DO MILAN TÁ DANDO AZAR".

Porém, ao chegar ao guichê da Caprioli, o atendende me diz: "essa camisa te deu sorte HEHE, cê comprou a última passagem do ônibus pra Botucatu que sai direto".

Moral da história: corintiano marginal só se fode; Uma camisa do Milan inicialmente te dá azar, mas depois te faz ir direto a Botucatu; Nunca dê as costas a um delinquente drogado com a mão no bolso.