UMA SOGRA NO BAGAGEIRO...

Não sou muito de contar causos e prefiro deixar a tal arte para o talento dos mineirinhos.

Mas esse causo, é um reconto do que ouvi por aí. Eu só aumentei uns pontinhos...

Certa vez, nhô Chico se viu em "palpos de aranha" aqui por São Paulo.

Tinha vindo duma cidadezinha de Minas, fazer umas comprinhas com a sua digníssima sogra.

Nhô Chico era um genro exemplar, daqueles raros que adorava a sogra.

Não tinha um sonho dela, que ele não realizava.

E pasmem, o seu maior medo era que dona Emengarda, a sua sogra, partisse dessa para melhor sem conhecer as ofertas da vinte e cinco de Março e da região do Brás.

Tanto fez sua sogra, que certa manhã partiram na sua brasília azul bebê, que embora antiga, ainda era pau pra toda obra.

-Chico, cê deu conta do bagageiro? É o mais importante pra mode a gente trazer as compras...

Aqui chegando, depois que dona Emengarda se refastelou no paraíso dos bons preços, NHô Chico se deparou com o inesperado:A sogra teve um mal súbito...e morreu.

-Vixi, deve ter sido de emoção!-concluiu nhõ Chico. Deus do céu, e agora, como despacho a Emengarda?

Nhõ Chico era uma pessoa simples, não entendia muito dessa burocracia toda de atestado de óbito para se despachar um defunto...mesmo depois de bem mortinho.

E nem desconfiava que podia se meter numa grave encrenca.

Então lembrou do bagageiro.Sabia que o último pedido de dona Emengarda era ser enterrada junto aos seus...lá na sua cidadezinha.

E lá em cima até que era bem confortável...

Não teve dúvida. Entulhou todas as compras dentro da brasilia, empacotou dona Emengarda bem embrulhadinha num saco plástico, que era para não molhar, caso viesse a chover no caminho de volta... sobre o bagageiro!

Só tinha uma preocupação: Que alguém roubasse a Emengarda pelo caminho.

Então tratou de amarrar tudo bem direitinho.

Lá pelas tantas, a Polícia Federal o parou numa blitz dum posto rodoviário:

-Notas fiscais e documentos, senhor!

-Os da Emengarda também, seu guarda?

O policial o olhou meio desconfiado:

-Há algum animal de estimação em viagem, senhor?

-Tem não, seu guarda.

-Então quem é Emengarda, senhor Franscisco?

-É minha sogra! Taí em cima, seu guarda, embrulhadinha no bagageiro!

-Como é que é?-perguntou o guarda abismado...

E nhõ Chico contou o causo. Bem, eu nem preciso contar a confusão que se formou!

-O senhor está preso-disse-lhe o guarda, já desembrulhando o pacote.

-Óia, tá certo, mas só um conselho, mexe nisso não seu guarda! Se desembrulhar, ninguém embrulha de novo, disso eu entendo...