A mulher que não parava de falar
Nós, pobres trabalhadores, andando pela vida, em busca do pão nosso de cada dia, são tantas estórias, que aprendizado.
Nessas caminhadas, nós, que tivemos a missão de representar uma grande empresa, a única bicentenária da américa latina, ora numa cidade, ora noutra, sempre mudando, conhecendo sempre, novos amigos, experiências de uns aqui, aprendendo com outras alí, idosos, crianças, agricultores, empresários, funcionários públicos, etc....
Cultos, nobres, observando, outros aprendizes, ensinando, uns valentes tranquilos, outros estudados, brabos ignorantes, gente nova, sabendo das coisas convivendo com avós que aprendem e observam.
Num desses caminhos, estava eu gerente do Banco do Brasil, num desses interior, e nessa lida diária: projetos, solicitações, atendimentos, reclamações, campanhas, metas, sistemas fora do ar, telefonemas, quebra de máquinas, uma menina bonita, falta de
dinheiro, olhos nos assaltantes; vixe, meu Deus, mas é coisa, viu, e aí, vamos a mais dessas que acontece.
Para clarear o entendimento e ocultar os personagens, eu sou eu mesmo e meu interlocutor, meu pequeno grande cliente, senhor de todas as razões, sempre de mala no braço, que nessa, chamarei de Mané, gente boa, bruto pra cavalo, falador que só e metido a sabido, ah, exigente pra ......; liga e me pede o saldo e lá vai a conversa:
Eu: Banco do Brasil, bom dia, aqui Paulo Jorge !
Mané: Paulo, meu gerente, pegue aí meu saldo e me diga quanto tem;
Eu: Pois não Mané, é 10.527, com o limite, mais alguma coisa ?
Mané: É que vou ali, na cidade vizinha, fazer umas compras e depois
passar aí pra fazer pagamentos dumas duplicatas pequenas e
acho que o banco já vai tá fechando, quando voltar e, é pra
hoje esses negócios.
Nessa época, o banco tinha lançado seu Call Center e estávamos em mais uma dessas campanhas com meta, mandando brasa nas senhas para os clientes acessarem o novo serviço, que por sinal, é um dos melhores e mais completos do Brasil, claro né, é meu Banco Duzentão. E nessa, continuando a ligação telefônica:
Eu: Não Mané, não tem problema, veja só, vou te passar essa
senha, "********" e você liga pra 08007290001, é de graça, viu,
e você faz esses pagamentos, tranquilamente, em casa e tem
mais um monte de opções pra você, se precisar, certo ?
Mané: Tudo bem, Paulo, obrigado, você resolve mesmo as coisas, né
danado! Obrigado, mesmo, viu !
Eu: Olha, qualquer coisa, dificuldades, é só ligar pra gente, legal !
Mané: Beleza, vamos ver, obrigado, de novo !
Passados alguns dias, a vida continuava naquele serviçinho, até que divertido e lá estava o Mané na agência com novas demandas e eu gozando de muita empatia e enorme simpatia, aos meus clientes tudo, aos concorrentes nada, então aproveitei a oportunidade pra saber como tinha se sucedido àquele dia, terá dado certo, comecei:
Eu: Então, Mané, como é que foi naquele dia, foi fácil, deu certo e aí ?
Mané: Paulo, ligar foi tranquilo, sem problema, botei o prefixo da
agência, como você me ensinou, o número da conta, a senha,
só que aí a mulher disse meu saldo e começou a falar, disque 1
pra isso, 2 pra aquilo, 3 pra lá, 4 pra cá, ...., 0, 1, 2,3, de novo, aí,
tudo mais uma vêz, novamente, ......, eita !
Eu, disfarçando pra não estourar de rir: Não Mané, bastava escolher a
opção 4, dos pagamentos e
pronto !
Mané: Como ? Paulo, como eu ia colocar a opção 4 , se aquela
bixiguenta não parava de falar. Não tinha jeito, eu esperava e
nada dela parar. Aí desistí e mandei meu filho resolver.
Eu: Poxa Mané, porque não me ligou. Vamos aproveitar agora e ver de
novo, se ela para ou não de falar ! Pra você aprender.
Mané: Ah, quero ver, oxente !
E aí meus amigos, vejam que situação, o que fazer senão rir.