Esta estória me foi contada há muitos anos atrás. Isso nem importa, porque para mim foi......ontem. E vou contá-la a minha maneira e é mais ou menos assim:
Morava no morro uma nega bonita, de corpo perfeito e ao caminhar soltava as suas ancas para deixar elas se mexerem, pra lá e pra cá.
Tinha fogo nos olhos para queimar o coração de quem a quisesse cobiçar.
Sorriso solto também, para contaminar quem quisesse perto dela chegar.
Amava todos os homens e seu corpo nunca podia um chamego rejeitar. Gostava de abraços. Gostava de carinho. Gostava de sexo.
Wado da venda e Teco lanterneiro foram capturados por esse olhar e devorados pelo seu balançar.
Wado a amava mais que a própria vida e Teco queria ser seu dono.
Wado sofria, Teco sofria, porque cada um deles sabia que a nega traia.
Teco, um dia sem controle, foi atrás dos passos da amada e a encontrou deitada na cama do barraco de Wado.
Pobre coitado!
O ciúme tomou conta do seu coração, fazendo de seus sentimentos uma grande confusão.
Não havia alternativa ou ele, ou Wado, era a solução.
E chamou Wado para o desafio.
Na hora marcada, no meio da praça, de um lado Wado se esquentava, do outro, Teco empunhava sua faca. No meio, a nega bonita com seu sorriso cortava, como uma navalha, o coração dos dois.
Teco desatinado empunhando a sua lâmina começou a gritar:
-Te cutuco
Ao que Wado respondeu
-Não cutuca
E assim o desafio foi esquentando:
- Te cutuco.
- Não cutuca.
- Te cutuco.
- Não cutuca.
Cada vez mais rápido
- Te cutuco.
- Não Cutuca.
- Te cutuco.
- Não cutuca.
- Te cutuco.
- Não cutuca.
A nega destraída olhava para os dois, mas não os via. Apenas ouvia o te cutuco/nãocutuca, tecutuco/nãocutuca, tecutucotecutuco/nãocutuca.
Sem controle, suas ancas respodiam e subiam e desciam pelo rítmo marcado por seus pés.
Estupefatos, Teco e Wado começaram a perceber a Nega a se mexer, sem dar bola pra ninguém.
Wado então convidou Teco a dar uma trégua
-Vamos parar de besteira. A nega tá balaçando as cadeiras, vamos apenas nos deliciar e apreciar o momento.
Se deram um abraço e ficaram parados, quase hipnotizados dando sequência somente ao rítmo das palavras. Mudaram o te para ti batendo palmas
Ticutuco/nãocutuca/ticutuco/nãocutuca/ticutuco/ nãocutuca.
A Nega então toda prosa, deu um braço a cada um e lá foram os três desfilando, subindo o morro, todos prosa, contaminando a multidão.
Ticutuco/nãocutuca/ticutuco/nãocutuca/ticutuco/nãocutuca.
Assim me disseram que nasceu o samba.
Morava no morro uma nega bonita, de corpo perfeito e ao caminhar soltava as suas ancas para deixar elas se mexerem, pra lá e pra cá.
Tinha fogo nos olhos para queimar o coração de quem a quisesse cobiçar.
Sorriso solto também, para contaminar quem quisesse perto dela chegar.
Amava todos os homens e seu corpo nunca podia um chamego rejeitar. Gostava de abraços. Gostava de carinho. Gostava de sexo.
Wado da venda e Teco lanterneiro foram capturados por esse olhar e devorados pelo seu balançar.
Wado a amava mais que a própria vida e Teco queria ser seu dono.
Wado sofria, Teco sofria, porque cada um deles sabia que a nega traia.
Teco, um dia sem controle, foi atrás dos passos da amada e a encontrou deitada na cama do barraco de Wado.
Pobre coitado!
O ciúme tomou conta do seu coração, fazendo de seus sentimentos uma grande confusão.
Não havia alternativa ou ele, ou Wado, era a solução.
E chamou Wado para o desafio.
Na hora marcada, no meio da praça, de um lado Wado se esquentava, do outro, Teco empunhava sua faca. No meio, a nega bonita com seu sorriso cortava, como uma navalha, o coração dos dois.
Teco desatinado empunhando a sua lâmina começou a gritar:
-Te cutuco
Ao que Wado respondeu
-Não cutuca
E assim o desafio foi esquentando:
- Te cutuco.
- Não cutuca.
- Te cutuco.
- Não cutuca.
Cada vez mais rápido
- Te cutuco.
- Não Cutuca.
- Te cutuco.
- Não cutuca.
- Te cutuco.
- Não cutuca.
A nega destraída olhava para os dois, mas não os via. Apenas ouvia o te cutuco/nãocutuca, tecutuco/nãocutuca, tecutucotecutuco/nãocutuca.
Sem controle, suas ancas respodiam e subiam e desciam pelo rítmo marcado por seus pés.
Estupefatos, Teco e Wado começaram a perceber a Nega a se mexer, sem dar bola pra ninguém.
Wado então convidou Teco a dar uma trégua
-Vamos parar de besteira. A nega tá balaçando as cadeiras, vamos apenas nos deliciar e apreciar o momento.
Se deram um abraço e ficaram parados, quase hipnotizados dando sequência somente ao rítmo das palavras. Mudaram o te para ti batendo palmas
Ticutuco/nãocutuca/ticutuco/nãocutuca/ticutuco/ nãocutuca.
A Nega então toda prosa, deu um braço a cada um e lá foram os três desfilando, subindo o morro, todos prosa, contaminando a multidão.
Ticutuco/nãocutuca/ticutuco/nãocutuca/ticutuco/nãocutuca.
Assim me disseram que nasceu o samba.