O pai ainda não cresceu

Iniciávamos o ano de 2000, na cidade de Petrolina (PE), os meus filhos estudavam num dos bons colégios da região, uma das mais belas do sub-médio São Francisco.

"...Petrolina Juazeiro, Juazeiro Petrolina, todas duas eu acho uma coisa linda, eu gosto de Juazeiro e adoro Petrolina" hê, Luiz Gonzaga..."

Velhos tempos, boas lembranças.

Numa dessas recordações, no início do período de matrículas, meu filho caçula, o Caique, terminara a fase dos períodos infantis, e, haja anos infantis e eu matriculava os três lá de casa, o mais novo, Cláudia e Camila.

Conversei com o pessoal do colégio da possibilidade de matricular o Caique direto no primeiro ano fundamental, já contava com sete anos de idade, sem que ele tivesse que frequentar a alfabetização, senão, seria mais outro ano e eu já não aguentava mais tantos, à fio.

Foi uma polêmica danada:

- vem o diretor e diz: Não, não pode;

- a coordenadora dizia: realmente não pode;

- a psicóloga ameniza com: vamos ver;

- a mãe diz: Paulinho, deixa de insistência, e

- eu: se não for como eu quero, não dá mesmo, tiro todos da escola!

Então, depois de reuniões e de tantas celeumas, chegamos ao entendimento de que ele frequentaria o primeiro ano na condição de ser reavaliado ao tres e aos seis meses e caso seu desempenho não fosse suficiente, ele, o Caique, retornaria para a tal da alfabetização.

Vejam só que coisa danada, hoje, fazendo uma segunda pós graduação, dessa feita, na área da educação, é que percebo o tamanho da encrenca que havia criado e tinha me metido naquela época.

Mas, retomando nosso causo, iniciaram-se as aulas e recomendei para Marly, a mãe do menino, que ao levá-lo para primeira aula, fizesse um breve relato e pedisse um carinho e uma atençao especial da professora com a situação do Caique para mininizar eventuais efeitos contrários em seus estudos, lógico que, com receio de que ele não acompanhasse o rítimo.

Passados algumas semanas, a mãe retomava a conversa com a professora dele e travaram o seguinte diálogo:

- Mãe: E aí, como tá indo o Caique ?

- Profa: Tá indo bem.

- Mãe: Certo, ele tá acompanhando bem os assuntos ?

- Profa: Tudo bem, o problema é que ele dispersa muito, também,

mulher, o menino ainda não amadureceu, não cresceu !

- Mãe: Ah, minha filha, se esperar que ele amadureça, vai demorar,

pois, o pai dele ainda não cresceu !

Hilário não, imaginem a situação da pobre e sofredora professora. Já pensou, esperar por um filho que o pai ainda não crescera.

Graças à Deus que tudo acabara bem. Hoje o Caique já se encontra no ensino médio, é claro que, para conter a minha pressa ele repetiu uma série, ainda no fundamental.

Uma observação: não peguem corda, não queiram me seguir.