Agosto

Juliana era uma mulher inteligente, bastante cautelosa, mas também, muito supersticiosa. Para ela, passar por baixo de uma escada ou deixar um chinelo virado com a sola para cima eram coisas inaceitáveis. O mês de agosto, então, era marcado por inúmeras simpatias para quebrar o mau presságio que envolvia os trinta e um dias mais temerosos do seu calendário. E assim, Juliana regia sua vida... O que ela pudesse fazer para evitar incidentes, ela fazia. Era quase uma obsessão ligada à questão da superstição. Não sabia ela que seus pensamentos e, por conseguinte, suas ações exerciam grande poder de atração.

Os anos passavam e a vida de Juliana continuava sem muita emoção. Com uma vida difícil, sem muitas regalias, ela começou a entrar em depressão. Para chamar a sorte, ela rezava para todos os santos e fazia várias estripulias. Chegou a colocar uma pata de coelho na mala, além de colecionar um monte de trevo de quatro folhas no porão de sua casa. Entretanto, nada e nada funcionava. Sua vida continuava estagnada...

Foi no dia 01 de agosto que ela encontrou o velho Julião, um indiano espirituoso e dotado da magia da persuasão. Ele perguntou por que ela tinha o olhar tão triste e ela, embrutecida, imediatamente respondeu: - porque nada na minha vida tem solução... Julião com sua imensa paciência e tamanha sabedoria, retrucou a afirmação: - Oh, minha querida... Você apenas desconhece o poder que tem em suas mãos. A partir de agora, afaste de sua mente qualquer pensamento negativo e, sobretudo, acabe definitivamente com essa coisa de superstição. Afinal, por que combater a existência de um mal inexistente? Isso só a coloca diante de uma grande leva de maldição. Faça esse exercício durante cinco dias e veja como sua vida vai mudar de direção. Depois, volte aqui para me contar qual foi a sua conclusão.

Desacreditada, mas ao mesmo tempo determinada a mudar de visão, Juliana resolveu seguir os conselhos do velho Julião. Logo no seu primeiro dia de atuação, um telefonema de uma grande amiga, que há muito não a via, alegrou o seu coração. No segundo, ela recebeu uma promessa de emprego, o que por sua vez, já era uma grande coisa diante de tanto desespero. No terceiro, seu pai ganhou uma promoção e os ares de sua casa ganharam tons menos pesados, como aqueles de um colorido balão. No quarto, ela já não se continha de tanta emoção... Sabe aquela promessa de emprego? Ela virou uma confirmação. O quinto dia foi o ápice de sua realização: tinha um emprego, o pai promovido e uma nova velha amiga de plantão. Foi aí que ela pensou em procurar o velho Julião...

Era dia 10 de agosto quando Juliana esteve com Julião. Ela estava bonita, sorridente, com uma aura completamente diferente.

- Julião, eu vim lhe agradecer por suas palavras certas, num momento que eu mais necessitava, disse Juliana um pouco emocionada.

- Ah... não foi nada, minha filha, eu só lhe ajudei a descobrir que agosto não é um mês do desgosto, é apenas mais um mês onde tudo pode acontecer à gosto, a seu gosto. Nunca esqueça, todos nós temos o poder de mudar as nossas vidas. Basta nós acreditarmos nisso.

Edmary Escobar
Enviado por Edmary Escobar em 01/08/2008
Reeditado em 08/06/2020
Código do texto: T1108585
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