AS FINAS IGUARIAS DAS AUTORIDADES
Inauguração da Agência do Banco do Brasil de Campo Redondo (RN). Em verdade, era o posto avançado do Banco do Brasil de Santa Cruz (RN) naquela cidade serrana que estava sendo promovido à condição de Agência Classe I.
A difusora municipal anunciara durante todo o dia, o evento que estava programado para o finalzinho da tarde. Também haviam sido expedidos convites para autoridades e principais clientes. E o ato inaugural solene transcorreu dentro da mais perfeita normalidade, com discursos do prefeito municipal, do gerente instalador e do Superintendente Regional do Banco do Brasil.
Após as formalidades, é servido um coquetel contratado pelo Banco do Brasil junto a uma dessas empresas especializadas em recepção. Ao povo se serviu cerveja, cachorro quente e refrigerante que, por erro de estimativa ou por pura economia, contavam-se em quantidade insuficiente para atender à forte presença popular.
Separado do povo, num cantinho aconchegante, estavam as autoridades públicas municipais; o gerente e o superintendente do Banco do Brasil; e outras figuras representativas da sociedade local. A estes, foi servido whysky 12 anos. Para estes, também estavam reservados, generosas porções de camarão, canapés e salgados finos diversos, que o garçom logo tratou de servir.
Para ter acesso ao local onde as autoridades estavam reunidas, o garçom, necessariamente, teria que atravessar uma área completamente tomada pelo povão. E foi o que tratou de fazer, saindo com uma bandeja na mão, entre o povo, pedindo licença e abrindo alas na direção dos destacados comensais. Mas, logo surgiram, como que um enxame de abelhas, mãos populares que, num piscar de olhos, subtraíram os finos canapés do superintendente.
Situação difícil. Era preciso buscar uma solução e o garçom logo a encontrou. Preparou mais uma travessa de canapés e a ergueu para o alto. E assim seguiu, com a bandeja levantada, em direção aos convidados especiais. Frustrou-se igualmente. As mãos do povo se ergueram e fizeram sumir as iguarias da bandeja, em frações de segundos.
E mais uma vez o garçom apresentou uma “solucionática” para esta problemática: pediu aos funcionários do banco uma caixa de papelão que logo tratou de enchê-la de salgados. E seguiu, o garçom, em direção às autoridades, estas já famintas, segurando a caixa de papelão cheia de finas iguarias. Ora, imaginem o que aconteceu! Foi pedaço de caixa para todo o lado e os salgados finos mais uma vez fizeram a festa do povão.
Algum tempo depois, aí sim, foi encontrada uma solução definitiva. As autoridades abandonaram o seu “cantinho” e se deslocaram para a cozinha, o espaço reservado ao serviço de bufê.