AS COBRANÇAS DO ALI (COR)
(CORRIGIDO)
AS COBRANÇAS DO ALI
Brasileiro, descendente de libanês, velho conhecido de todos do bairro, não muito dado ao trabalho, recebera como herança de seu pai, o velho Salim grande quantidade de roupas, de vestir, de camas, íntimas, bijuterias e tudo mais do ramo. Viu-se numa situação embaraçosa. O pai morrerá deixando uma grande quantidade de roupas para vender, ele era mascate e dos bons. Mas o Ali coitado, não dava para isso não.
Após várias tentativas em vendê-las voltava sempre desanimado não conseguia vender nada, além dele não ser comerciante o país atravessa uma crise financeira devido a troca de presidente, sempre acompanhada de novo plano econômico Alguém lhe dera uma idéia que era adotada pelo seu pai: o crediário. Será que vai dar certo não é que deu. Arrumou uma grande quantidade de freguês e para cobrar de todos ficou um verdadeiro experte.
Dizem os mais chegados que em toda ocasião tinha sempre uma tirada pitoresco para mostrar aos clientes que a conta vencera.
Liga para a casa da comadre, que lhe comprara algumas peças:
- Sabe comadre o seu afilhado pegou uma baita catapora.
Em outro mês:
- Comadre se precisa ver como ficou o dente de minha mulher.
Nunca cobrava diretamente, sempre fazia por rodeios, cercado de uma gentileza toda especial.
Desta feita a vez da filha mais nova com sarampo e nos meses seguintes mais doença para todos.
Como os nomes das doenças acabam e dos familiares também, ficou meio díficil para novas cobranças:
- Comadre, comadre que felicidade a minha em poder lhe falar, feliz dias das mães...
Goiânia, 22 de maio de 1981.