A PEDRA DO COMPADRE (cor)
(corrigido)
A PEDRA DO COMPADRE
Garoto danado está ali, pensa o seu pai orgulhoso enquanto dirigi o seu fusquinha 1.200, ano 1968, já bem usado, pintura bege desbotado. Olha de nova para o guri deitado no colo da mãe, enche-se de mais orgulho e continua a marcha rumo à casa do compadre Antonio. O carro começa a sacolejar avisando aos passageiros qie estavam chegando. As ruas que agora acessaram não tinham asfalto, mas já já, daqui a três quarteirões estariam chegando.
Depois dos cumprimentos o compadre Antonio, padrinho de Onofrinho, nos seus quatro anos de pura inocência, coloca-o no colo e começa a contar bravatas de sua recente cirurgia.
- Tudo b em compadre, foi mesmo nos rins, você precisa ver que baita pedra estava lá dentro. Sofri mais a danada ta guardada lá dentro de um vidro em cima do guarda-roupa. Oh mulher traz lá o vidrinho pró compadre ver.
Logo o troféu da delicada operação passava de mão em mão, cada um fazendo gracejos com o delicado artefato do tamanho de uma bola de “gude”. Houve até alguém que comentara, se ela tivesse vindo da Serra Pelada, o compadre esta rico.
Mas conversa vai, conversa vem, o Compadre Antonio havia soltado o guri no chão que perambulava pelos cômodos da casa. Cafezinho servido a todos, o papo solto corria descontraído. As andanças do garoto não fora acompanhada, nem precisava com quatro anos já era quase um rapaz.
Passado alguns minutos de clima confraterno, ouvia-se um barulho como se fosse estilhaço de vidro quebrando em cima de cerâmica.
As mulheres correram a o quarto de onde veio o barulho, lá chegando viram Onofrinho sentado no chão, com vários cacos de vidro em sua volta. A dona da casa reconheceu de qual vidro eram os cacos. Era aquele que guardava a "bola" do rins do compadre. Procura daqui, procura dali e nada. Pergunta-lhe a mãe do garoto se ele não tinha visto a tal bolinha...
...e ele passando a língua nos lábios, responde:
- Doce gostoso.
Goiânia, 24 de julho de 1981.