PELUDOS
PELUDOS
Dois amigos se encontram e...
— Tudo bom?
— Melhor impossível.
— Pelo visto ganhou na loteria.
— Nada disso, eu adoro esse friozinho matutino no outono para ler jornal. O calor estava terrível nesse verão.
— Você viu a matéria sobre transplante de face?
— Sim. Achei fantástico o resultado. Mas vamos falar de outras coisas. Eu estava me lembrando de nossas partidas de futebol.
— Por falar nisso aonde será que anda o fulano e o ciclano?
— Esses dois se mudaram quando se casaram.
— Tempos bons aqueles. Sinto falta de reunir a turma e bater uma bola.
— Se a nossa seleção tiver o mesmo entrosamento, a copa é nossa.
— Mas sem o cachorro do beltrano, por favor, aquele não podia ver a bola que partia logo para cima dela, era um canalha.
— Eu me lembro muito bem o que acontecia quando errava a bola ia em cheio nas canelas.
— Eu sempre achei que deveria ficar preso no gol para que ele não agredisse ninguém.
— Ele corria de mais. O ataque era sempre a melhor opção.
— Você fala isso, porque ele nunca encontrou suas canelas na frente.
— Se esqueceu? Agente sempre jogou com o árbitro, e nunca tivemos problemas, só de algumas expulsões.
— Uma focinheira e o que fazia falta. Já que tinha que ficar em campo.
— Não exagera. Até que ele era amigo.
— Sei. Teve uma vez que tive que sair correndo e pular o muro por causa dele.
— Todo mundo sabia que ele tinha pavio curto.
— E custava mantê-lo amarrado? Eu só fui chamá-lo para completar o time.
— Espera ai, de quem você está falando. Que o Beltrano era bom de bola e um encrenqueiro todo mundo sabia, mas, amarrá-lo seria um pouco de exagero, não acha?
— Essa é boa, estou pensando que você esta falando é do cão.
E as gargalhadas, falou:
— No fundo, e a mesma coisa o cachorro é sempre o retrato peludo do caráter do dono.
E riram a vontade.
DiMiTRi
11/5/2006 09:52