É HORA DE RENASCER!

Estava sentada sobre o monte quando avistei aquela vila.

Minha curiosidade era tamanha,pois tantas vezes eu sentara naquele monte para olhar os vales e nunca havia notado-a.

Desci a fim de conversar com os moradores, quando fiquei surpresa.

Era como se eu estivesse no antigo faroeste,as casas eram de madeira, cavalos amarrados nas portas, não existia energia eléctrica e as pessoas usavam roupas muito antigas,e a água era tirada de poço.

Andei pela vila,observando atentamente a cada detalhe,a cada gesto das pessoas.

As crianças corriam pelas ruas de terra brincando sem se preocupar com a minha presença...era como se eu não existisse...

Repentinamente veio um vento muito forte que começou a levantar poeira e arrancar com sua força as roupas dos varais e balançar bruscamente as janelas de madeira.

Corri para dentro de um bar,lembro-me perfeitamente o nome: “Texas bar”.

A surpresa me foi maior quando adentrei e vi homens bebendo,com revólveres na cintura,botas de couro bicudas,chapéu, e coletes....parecia que eu estava realmente no velho oeste.

Algumas dançarinas sentadas nas escadas,com espartilhos,outras dançavam sobre as mesas...esfreguei os olhos para ver se realmente estava vendo ou tendo uma miragem,mas era real...aliás,eu que parecia ser irreal,pois ninguém se manifestava com minha presença.

Uma alegre musica era tocada por alguns músicos com seus respectivos instrumentos.

Quando achei que estava segura naquele lugar com todos,aquele vento adentra ao bar derrubando copos, cadeiras,levando pessoas com sua força,como um imã.

Gritos de desesperos,e eu não podia fazer nada, minhas mãos não alcançavam as pessoas,tudo muito estranho.

Sai chorando daquele lugar e quando voltei para a rua meu desespero foi maior porque o vento havia destruído casas,telhados...muita sujeira pelo chão ficara e um forte odor que eu sentia,como se estivesse me indicando o caminho a seguir.

Andei muito,parecia que nunca chegaria ,meus pés estavam cansados mas eu sentia que algo dentro do meu ser falava “não pare!”.

Resolvi andar segundo meu coração,e foi quando eu avistei uma casinha pequena de madeira,muito antiga,meio torta,precisando de alguns reparos.Havia letras iniciais na porta,como se ali alguém já tivesse morado .

Como a porta estava apenas encostada,resolvi entrar...

O interessante que o odor ficara lá fora e havia um grande silêncio dentro da casinha,mas eu sentia que alguém estava me esperando...foi quando levei um grande susto ao me deparar com uma imagem que me chocou.

Eu estava com uma roupa de dançarina vermelha,muito bonita,cheia de brilho, deitada em uma cama desfalecida.

Como eu poderia ser duas ao mesmo tempo ?

Coloquei minhas mãos sobre o corpo e o desespero foi grande porque eu não a sentia,era como se tudo aquilo fosse irreal,ou eu era irreal.

Comecei a chorar desesperadamente e a gritar pedindo socorro.

Foi quando senti que aquele vento balançava a casinha,como se estivesse furioso mas não tinha forças para derrubar,ou seja não tinha permissão.

O vento foi acalmando e uma brisa suave adentrou a casa.

Fui sentindo muita paz,alguém passava as mãos sobre meus cabelos,transmitindo-me segurança,e foi nessa hora que eu perguntei quem era,e a voz serena me respondeu:

-Sou a vida!

-Aquele vento era a morte querendo te levar,porém dentro de você ainda existe uma chama de esperança e amor,por isso ela não pode ceifá-la.

Foi então que eu perguntei, quem eram aquelas pessoas que foram levadas pelo vento, e a brisa me falou:

-São pessoas que vivem a desvalia,não se importam com seu semelhante,egoístas, presunçosas,materialistas ao extremo e ganham a vida fácil ou seja,com a desgraça dos outros.Eles foram avisados sobre o vento,mas não se importaram,queriam apenas viver os prazeres da carne.

O vento os levou para seu lugar de destino,como o faz todos os dias,respondeu a brisa.

Perguntei a brisa como então eu poderia estar desfalecida naquela cama se estava em pé conversando com ela.

-Esta que esta deitada é sua alma,cheia de prazeres carnais,porém você tem lutado a cada dia para vencer os pensamentos mundanos,a promiscuidade,aliás o importante é lutar sempre e desistir jamais,respondeu ela.

Continuei a indagar porque elas usavam aquelas roupas antigas se estamos no século XXI ,e a brisa calmamente me explicou:

-Porque carregam dentro do seu coração ambição,velharia,poder, por fora são novas,mas sua alma esta velha,ainda não se assemelharam a realidade,e seu espírito que era para ser livre,puro,esta acorrentado,amargurado vagando pelos umbrais tentando se libertar desta alma doente.

E o que preciso fazer para que eu acorde deste sono e volte a vida? Indaguei –a.

-Ame a todos,independente de raça,nacionalidade ou credo religioso.Esteja sempre pronta a estender as mãos ao semelhante e nunca se esqueças que todos somos iguais perante o Criador,que o racismo,a vaidade e o materialismo somente adoece nossa alma e enfraquece nosso espírito.

O importante não é trocar sua roupa de dançarina por uma toga

branca,mas a cada dia olhar para sua roupa de dançarina estirada neste corpo inerte e ver que não precisa mais de fantasias para se esconder

nem representar,aliás sua vida não é um palco e nem você o espetáculo!

Busque a cada dia ajuda,orientação,seja humilde e todas as vezes que errar,permita-se levantar e recomeçar.

Aprenda com os tombos e nunca esqueças de onde veio e que para onde poderá um dia ir,aliás os ventos surgem em dias que jamais imaginamos.

Não importa o tamanho da sua casa,se é de madeira ou alvenaria,grande ou pequena,mas que seja alicerçada para suportar aos ventos uivantes...

De repente...o relógio despertou era hora de levantar e trabalhar!

O vilarejo, o vento,a casinha,tudo era sonho,mas o monte é real,e todas as vezes que sinto solidão subo no cume do monte, e aguardo o frescor da brisa.