carta 2
Minha Borboleta Azul,
A gente gira como cata-vento nas mãos de quem gira a gente com delicadeza...
Cato você entre as palavras, cato você nos fragmentos poéticos, toca tua mão a minha mão e a ciranda continua girando... Cato umas pedrinhas e conchas num fundo raso de praia, ao afundar o corpo todo naquele verde de mar azul, ouço você me dizer como quem ouve longe, mergulhada a cabeça nas águas: Sempre-viva! Sempre-viva!
Torno a levantar a cabeça, o corpo e a vida então voltam à tona, respiro à superfície aliviada, cato a voz, sua voz nas conchas nas águas no vento.
Saio da água com as conchinhas riscadas de ondas e as pedrinhas brancas nas mãos, penso em você me cantando uma canção, me contando uma história e aí abro um sorriso de margaridas, adormeço coisa mole, morna, miúda dentro da concha, a delicadeza dos gestos de sua mão girando meu cata-vento, verdes ventos.
Um cata-vento de beijos pra você!
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Respsota da carta
por Escobar Franelas, a quem chamo de meu irmão (querido e danado), neste Recanto:
obrigado, minha contempladora. Assim, fico ruborizada de mais azul, confundindo-se com o ciano do céu. E me disperso diante de tanto apreço. Fico equivocada com tanta contemplação. Em retribuição, bato mais e mais as minhas asas contra o sol que se espalha em seus olhos, como ocaso vespertino, lírico e belo. Beijos nas maçãs douradas de seu rosto.