Chegadas e partidas
Chegadas e partidas
Caros amigos,
acordo neste domingo, ligo meu laptop para checar as mensagens chegadas à noite e quem sabe ler as notícias do dia antes do Brasil acordar.
Carrego minha caixa postal e em outra janela abro as portas do orkut para ver que amigo me visitou e o que andaram aprontando enquanto Eu estava desligada, recuperando as energias gastas no sábado.
De repente me deparo com notícias surpreedentes, daquelas que te fazem parar e sacudir um pouco as idéias, antes de continuar: nasceu o filhote amado do JUN e nosso amigo ELIZEU declara sua partida.
Estou tonta, meio sem graça, sem saber como orientar o coração nesta tarefa complicada - sorrir pelos que recebem a vida e chorar pelos que a devolvem!
Amigos, curti com Jun ao longo desses meses, a expectativa, a emoção e o carinho que deles transborda pela chegada do pequeno que simboliza o que carregam por dentro, o amor que têm um pelo outro. Chegamos a trocar figurinhas sobre este tema, numa troca interessante de experiências maternas/pré-paternas sobre o que esperar deste momento solene - a chegada de um filho! E que cá pra nós, não é bem assim como estou dizendo, pessoal é a chegada DO FILHO!
O Jun tá feliz, tá babando, quem tem orkut pode ver, as fotos são lindas e registram a felicidade em imagens.
Fiquei feliz, queria enviar mil emails, avisar por aqui, enfim, fazer o barulho que a gente faria se a "equipe" estivesse reunida como antes. Reuniríamos o comitê gestor para celebrar esta vida que pede licença e vem que vem. Bebê lindo, diferente de todos os outros bebês que a gente já viu chegar, este tem cara de filho de amigo que a gente gosta muito, e essa carinha é única, sempre! Lembro quando chegou o da Tereza, os trigêmeos, todos são únicos! Lindos...
Estou feliz mas continuo sem graça...
Sem a capacidade para curtir 100% pois olho em volta e sinto a falta de um amigo, um cara diligente, ágil e sempre pronto a dizer: "Sim"! Elizeu é desses caras que dá um cansaço na gente, trabalhar com ele não é pra qq um, porque a energia e a boa vontade não se esgotam, dia e noite, o cara tá lá, e quando a gente tá achando que tá pirando ou tá esgotado, sem saídas, ele chega com seu bom humor (sempre de plantão) e nos empurra pra frente na maior, nem lembro se cheguei a vê-lo com raiva um dia ele não tinha muito tempo pra isso, queria fazer acontecer, queria surpreender a mesmice e dar conta do compromisso assumido: com a causa, com a "equipe", com ele mesmo.
Pensar assim é a antítese de saber que ele se vai. É o momento que não se quer que chegue, é o adeus que custa a sair. Não sei direito idealizar sequer um gesto que seja próprio para a ocasião. Nada é próprio, nada combina exatamente com esta dor difícil de digerir, nada parece ser mais inútil do que se despedir de um amigo, um companheiro, um homem bom.
Quisera eu saber agora o que fazer com este coração divido só sei que preciso recepcionar a Vida, que está a chegar e que está a sair.
Lado direito, lado esquerdo, sangue arterial e venoso, ventrículos, aurículas, enfim que faço com meu coração dividido?
Resolvi pedir abrigo a vocês, para que me ajudem a superar a distância que me impede de rir e chorar com os que agora estão às voltas na recepção da vida. Aqui de longe, meio que surrealmente, preciso acreditar que Deus nos reserva mais do que isto, do que simplesmente abrir e fechar as portas, dizer Oi e Tchau, como se fosse simples assim.
Que Deus proteja teu filhote Jun e que ele seja mensageiro da felicidade familiar que tanto nos abastece em nossa caminhada diária.
Que Deus acolha o amigo que insiste em ir mesmo quando em minhas preces pedi que ficasse, você Elizeu, um amigo pra lá de especial.
Espero da próxima vez saber situar melhor o coração e a coragem, quando dor e a alegria chegarem juntas pedindo para entrar, sem saber ao certo quando vão sair!
Um bom domingo para todos,
Houten, 27/04/2008