Mim para mim...

Querido,

Sinto saudade dos dias em que te tratava de Querido e me respondias de Amor. Agora acabou, dirás que sei porquê, Porquê? Eu sei e tu sabes, voltaste à idade dos porquês! Uma idade sem idade, pode-te passar por esquecimento e não ter cura. É uma doença. Talvez benéfica, dá tempo para pensar...

Passados anos lembras-te de dizer que me amas e eu penso querido o teu amor, em vez do Querido em resposta ao Amor. Esta pode ser uma situação doentia. Não sendo doença, pode não ter cura. Basta uma interrogação (?) e os porquês põem qualquer cabeça em roda livre, tiras os pés dos pedais...

Em vez de escrever na situação, posso tentar descrever a situação. Escreves cartas a falar de amor à espera que o amor fale de si mesmo, o amor só confunde. Começa por te confundir segundo a fórmula mágica do tudo se funde, tudo é amor e por amor. Nem outra coisa acontece, tudo parece acontecer em função dele.

Tudo acontece em função do que se sente, andar a sentir um sentimento é transformar aquilo que enriquece e é natureza de momentos em tempo. Tempo desmesurado, absurdo tempo do desejo e da dúvida, da visão e do sonho, do medo e da culpa.

A mim chega-me a emoção, dá o mesmo que o sentimento, é-o! Mas dura o tempo da respiração dum folgo, seja qual for a respiração e sabes como gosto de respirar pela pele.

Tua,

Mim

{Antes de dormir, evoco a Mim assim:

de Mim para mim ou Assim? E venha o Domingo! + logo}

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 08/01/2006
Código do texto: T95927