O ESPELHO NO TETO
Meu amor! Desculpa-me! Meu caro ex-amor!
Finalmente resolvi chamar aquela amiga arquiteta, lembra dela?
Pois é, graças a ela reformei o meu quarto.
O espelho do teto foi retirado. Você não faz mais parte da minha vida.
Chega da tua lembrança, do teu narcisismo! Lembras-te? Foi sugestão tua colocar o espelho no teto. Tu gostas de ver teu corpo sendo acariciado, tu gostas de ser tocado e sugado no âmago, sem dar nada em troca. Te apraz a submissão da parceira. É sim! Tudo isto acabou, felizmente meu caro.
Hoje sou a rainha.
O meu amor ama-me por mim mesma, ele não precisa ver filmes eróticos para sua tarefa de amante. Minha presença é suficiente.
Nós nos amamos de maneira total e absoluta.
Ele é fantástico! É um escalador nato do monte de Vênus. E só para ilustrar um pouco mais seu desempenho, saiba que ele não dorme depois de fazer amor; ele permanece abraçado a mim, suas mãos não se cansam jamais de acariciar-me. Ele é divertido, conta coisas interessantes, adora minhas pernas longas, beija e acaricia meus seios, fala das coisas que faz, ri de seus erros, conta estórias lindas, beija-me entre uma frase e outra. E assim passamos horas e noites nos amando.
Tu sabes que carinho é tudo para mim.
Vê? O problema era teu.
Odeio narcisos.
(Hull de La Fuente)