Epístola do amor proibido
Não podendo eu me expressar por meio mais atado à métrica e rima, tentarei por meio desta breve epístola, munido dos meios que me agora estão ao alcance(e devo confessar que são apenas o papel, a caneta e meus sentimentos) expor-lhe o que sinto, o que dificilmente faria pessoalmente pois falta-me coragem e eloqûencia. No inicio deste ano, em ocasião que não mais me recordo devido talvez às turbulências que passava na época, vim a te conhecer. Tão rapidamente quanto se deu esta ocasião, ganhaste espaço em meu coração, de onde agora temo não poder-te tirar mais, ao menos, talvez, a custa de minha vida. Posso estar parecendo infantil, e com certeza devo estar sendo de fato, mas a julgar pelo tempo em que tens passado em minha mente, não poderia eu deixar de levar em conta a possibilidade estar apaixonado. Das ultimas vezes que cheguei a tal conclusão sobre uma mulher, depois de algum tempo(não importa se foram meses ou anos) terminei sempre só, não correspondido e amargurado. Estou fugindo do meu costumeiro modo de escrever, sendo por demais direto, tentando evitar minha constante morbidêz e melancolia, que sei que não te agradam. Tentei abandonar estes pensamentos, tentei tirar-te de meus pensamentos, ocupando-me de várias atividades, mas freqüentemente as abandonava e me via novamente, com os olhos perdidos em uma página de um livro, ou fixos no teto pensando em você e no que representas agora para mim. Falta-me agora coragem para terminar esta carta, me faltará também na hora de entregar-te. Tremo agora, e tremerei na hora de encarar-te após teres lido minhas palavras. Se por um acaso ou sorte, o destino nos vier a unir, sempre existirá sobre este amor a sombra de uma separação e o afastamento que esta nos iria impor frustraria irremediavelmente a amizade a que tanto prezo. E se confirmar-se o que espero... que ao leres esta carta vieres a saber o que sinto por ti, ficarás diante de um homem a que não podes amar mais do que amas um amigo, e nossa amizade tenderá se fragilizar por tentares não causar-me sofrimento. Desta forma, condeno esta carta, de antemão, ao esquecimento e a nunca ser lida por teus olhos enquanto eu viver. Condeno-me ao amor silencioso, e a me contentar com o que podes me oferecer de boa vontade... a tua inestimável amizade.