ESSE LINDO MODO DE VIVER
ESSE LINDO MODO DE VIVER
(Ivone Carvalho)
Sua infinita sabedoria fez com que Deus criasse todos os Seus filhos iguais, sem qualquer distinção. Sabemos que Sua extrema Bondade não permitiria discriminar, dando mais a uns do que a outros. Afinal de contas, Ele é o Pai e nessa condição ama a todos da mesma forma e na mesma intensidade!
Entretanto, em Sua Perfeição, não nos deixou presos a regras rígidas, permitindo-nos escolher os caminhos a seguir, segundo o nosso livre arbítrio, e isso nos tornou indivíduos, tal como os dedos de nossas mãos.
Mas a Sua generosidade não parou por aí. Tendo pleno conhecimento de que tantas vezes faríamos escolhas erradas, percorrendo estradas que nos afastaria dos Seus ensinamentos, presenteou-nos com muitas vidas a fim de que, em cada uma delas, pudéssemos reparar os nossos erros, aprendermos o que deixamos escapar, evoluirmos os nossos sentimentos de amor, símbolo maior da nossa existência e o único, em sua essência, a nos aproximar da perfeição, como espíritos puros, evoluídos, a fim de recebermos a bênção maior: a vida eterna, ao lado do Pai.
Presenteou-nos, ainda, com o envio do seu Filho, Jesus, que, puro como o Pai, materializou-se entre nós, vivendo como homem, podendo, assim, pregar a Sua Palavra, os Seus Ensinamentos, o Seu Amor. Foi essa a forma que o Criador encontrou para nos conscientizar de que fomos criados à sua imagem e semelhança.
E, com essa maravilhosa dádiva, enviou-nos, também, a Doce Virgem Maria, representante máxima da mãe, da mulher, da filha.
Nossa vida material se constitui, incontestavelmente, num aprendizado que se inicia desde que somos gerados, já que somos afortunados com o esquecimento de nossas vidas anteriores a fim de que possamos cumprir a missão a que viemos, sem qualquer interferência em nossas decisões, para que possamos, realmente, expiar os nossos erros, as nossas falhas, e buscarmos a nossa evolução espiritual.
Conhecermos e nos lembrarmos de tudo isso, nos conforta quando nos deparamos com situações que não têm explicação, no nosso pequeno entendimento, e que nos levaria, numa análise fria e material, a acreditar que somos diferentes por um descaso do Pai, daí existirem os pobres e os ricos, os vitoriosos e os fracassados, os feios e os bonitos, os bons e os maus, os que sabem e os que não sabem usar a inteligência de que somos todos dotados igualmente, determinando a aparente ignorância de tantos; os sãos e os doentes, os espertos e os lesos, os frios e os amorosos, os felizes e os infelizes.
Precisamos ter sempre em mente que fomos nós que escolhemos, antes de nascer, o objetivo maior do nosso renascimento, da nossa reencarnação e, assim, nos curvarmos a todas as “peças que o destino nos prega”, quando os acontecimentos independem das nossas escolhas e das nossas lutas nesta vida.
Tal como o Pai, recebemos todos os nossos filhos com o mesmo amor, os educamos com a mesma responsabilidade e dedicação, e sonhamos que todos sejam felizes igualmente, muito felizes, mais do que nós mesmos! Quando conseguimos tudo isso, sentimos que cumprimos o nosso dever de pais e nos orgulhamos até de nós mesmos.
Todavia, não significa, em hipótese alguma, que o descaminho de um dos nossos filhos ocorra por falha nossa, por erro nosso, porque se ele fez uma escolha diferente da que nós planejamos e para a qual nos dedicamos, por mais que tenhamos nos esforçado em prol da sua felicidade, devemos compreender que a sua individualidade agiu, ou por uma escolha anterior ao seu nascimento, ou pelo uso do seu livre arbítrio.
Nesses casos, choramos, sofremos, oramos, entregamos um amor descomunal, aparentemente maior do que o amor que sentimos pelos demais, mas precisamos lembrar, ainda, que por estarmos aqui para a nossa evolução, certamente também escolhemos, lá no outro plano, passar por tudo isso para redimirmos acontecimentos ou sentimentos de vidas passadas.
Temos tudo o que merecemos, inclusive tudo que julgamos não merecer, vez que a nossa ignorância não nos permite avaliar o que é bom e necessário para nós, verdadeiramente.
Você que é pai amoroso de um filho que fugiu de todos os seus ensinamentos, dedicando-se a uma vida desregrada, entregando-se a vícios que contaminaram seu corpo e sua mente, se sente feliz quando vê seu rebento abandonando a vida errônea que prestigiou, ainda que restem seqüelas que o fazem sofrer. É óbvio que sua felicidade seria muito maior se ele não tivesse aderido, em qualquer tempo, o modo errado de viver, prejudicando-se e fazendo sofrer os que o amam. Mas imagine o tamanho da sua infelicidade se ele sequer tivesse abandonado o vício! E dessa infelicidade sofrem tantos pais e tantos outros filhos!
Em algum momento você o amou menos? Claro que nunca! Ao contrário, você mesmo afirma que por esse motivo amou-o apaixonadamente, sabedor que sempre foi das suas fragilidades, das suas carências, da sua necessidade de ser ainda mais amado!
Tenha sempre em mente que, por mais que seu coraçãozinho sofra, pois não é possível ficarmos alheios quando vemos um filho sofrendo, continue agradecendo a Deus por ter permitido a você, à sua família e a ele, principalmente, a possibilidade do aprendizado que todo esse sofrimento surte.
Não, não diga que é muito fácil falar quando não sofremos na pele a dor que outro sente. Afinal, qual de nós passa por esta vida sem sofrimento? Cada um de nós possui a sua responsabilidade e a sua quota, dependendo do merecimento. E não podemos esquecer que o merecer não se limita a esta vida.
Mas também o Pai, na Sua Onipotência, jamais daria aos Seus filhos carga maior do que a que podem carregar. Penso que todas as pessoas que sofrem, por qualquer que seja o motivo, são pessoas iluminadas, espíritos bastante evoluídos, capazes de suportar tal sofrimento, pois, do contrário, permaneceriam indiferentes à dor alheia e à sua própria dor.
Não nos seria permitido reencarnar com pesada cruz a carregar se não viéssemos dotados da força necessária para suportar o seu peso. Deus não faria isso com os Seus Filhos!
Porém, também não esqueçamos que se escolhemos voltar numa família que enfrentaria problemas sérios, com a finalidade de evoluirmos, outros não escolheram, no outro plano, viver determinadas situações, mas as escolhas feitas aqui, em razão do livre arbítrio, acabaram mudando os planos espirituais e, lamentavelmente, mas por merecimento, não conquistam a evolução pretendida para esta vivência.
Sei que estou me excedendo, expondo pensamentos e convicções que, talvez, não devesse expor.
Mas você me conhece e sabe que a revelação que me fez em sua última missiva jamais me permitiria uma resposta simples. Senti necessidade de lhe dar muito mais do que um abraço verdadeiro, amigo, solidário, apertado. E, na verdade, o estou abraçando desde o momento que li sua mensagem. Possivelmente você está preocupado com a minha falta de resposta, já que tantos dias se passaram. Por isso tudo peço-lhe desculpas pela demora e, muito mais, se aqui me manifestei de forma contundente em algumas posições, mas o que eu verdadeiramente pretendi e quero é dizer-lhe que todos os filhos que se entregaram às drogas merecem um pai como você. Como seria melhor o mundo se ao lado das pessoas que fazem escolhas erradas existisse, sempre, alguém como você e sua esposa, que jamais mediram esforços e fé, para doar, de forma intensa e verdadeira o grande e imenso amor que existe em seus corações.
Não tenha dúvida, amigo, de que não foi por acaso que o seu filho nasceu na sua família. O sofrimento vivido por ele e por vocês, com toda certeza, fez, de vocês todos, pessoas melhores, espíritos evoluídos, filhos que, incontestavelmente fazem o nosso Criador sorrir por ver que em momento algum vocês perderam a Fé e acreditaram no infinito Amor de Deus.
Com este abraço, agora mais forte e mais amoroso porque desta feita está chegando até você, quero lhe agradecer pela extrema confiança em mim depositada sempre, mas definitivamente demonstrada ao me escrever sob o título “ESSE LINDO MODO DE VIVER”, exaltando o meu texto “AMANHECEU”.
É exatamente tudo que você disse na sua mensagem: “... especialmente quando a cruz que nos está destinada se torna mais pesada e difícil de levar, mas, quando Deus está por perto, sempre nos dá uma ajudinha; muitas vezes essa ajuda é tão subtil que nem nos apercebemos da luz e do amor que de repente invade o nosso coração e, em tudo nos parece mais fácil de caminhar, pois quem caminha com Deus por perto sente mais leveza no andar”.
Suas palavras mostram, por si, o quanto existe de Luz na sua vida, em você!
Com todo meu carinho, admiração e amizade, receba o meu beijo que atravessa o mar e vai encontrá-lo em terras distantes geograficamente, mas tão próximas espiritualmente,
Ivone
São Paulo, Brasil, 30/03/2008