Quatro Paredes
Pensando em quatro paredes...
No vazio, sustento-me em sua lembrança,
No silêncio, ainda ouço os seus delírios,
E em cada estátua imóvel, vejo a poeira que com o tempo se lança...
Nas paredes brancas, visitam-me claridades...
E em um simples olhar em desatino,
Vejo àquelas flores que pusestes sobre a mesa, caindo
E num reservado canto, meu violão, meu menino,
Que em alguns instantes de solidão, falou-me com seu encanto,
Nas cordas, com a delicadeza dos ramos...
E aquele CD com encarte amassado? Ainda lembro da faixa três,
Não me culpe das roupas sujas, elas são desse mês,
É que não ando com muito tempo, e na verdade, as vezes não tenho saco talvez,
As vezes há cenas sem ensaio...
Na varanda aquela rede, que fica ali do lado,
Não mais a uso, bem... já faz algum tempo que não caio,
Uma noite acordei suado, pensei...
Será que estou doente, apaixonado, não sei,
Melhor dormir...
Poxa, que noite, ainda nem levantei,
Acho que as vezes não durmo, sonho acordado,
Mas acho que cansei...