Anjo Caído - Minha Alma Morreu
Meus pulsos cortados, nem jorraram sangue.
Minha alma está seca, e minhas lágrimas nem correm.
O sabor da lamina me rasgando a pele, me traz de novo as lembranças que eu queria esquecer.
Minha carne grita, mas seu grito é abafado pelo que provem de minha alma.
O grito da morte.
Morro, segundo a segundo, pensando na vida que não levei.
Penso no Eu te Amo que não ouvi
Penso nos carinhos que não ganhei
Penso nas noites que não passei olhando nos olhos de alguém, ou simplesmente, vendo esse alguém dormir ao meu lado.
Penso nas brigas que não evitei
E sei como elas foram importantes para eu chegar onde estou.
Vejo minha carne rasgada, dilacerada pela lamina indiferente ao sofrimento que me causa.
E sofro não pela dor da carne
Sofro, pois fui obrigado a desistir.
Fui obrigado a jogar a toalha, justo quando já me sentia um vencedor.
E isso é pesaroso, tanto, que faz com que minha alma rasteje.
Na parede do banheiro, que agora já começa a ficar incolor, vejo alguns semblantes que me fizeram chorar.
Aquele amor que não quis me olhar nos olhos.
Aquela pessoa que sempre me fez sentir o pior dos homens.
Aquela, que eu achei que me ajudaria, mas que cruzou os braços ante meu sofrimento.
Vejo tudo, e já não vejo nada.
Olho pra mim, um anjo caído, que trocaria a liberdade que as asas me proporcionam, pela vontade de viver que já não tenho.
Mas cortaram minhas asas, e não posso te dar nada em troca, Vida.
Então deixe que esse anjo caído repouse no marasmo de sua dor.
Deixe-me morrer, assim, calado, pensando nos momentos em que me calei quando deveria ter falado.
Deixe enfim, que esse anjo, que decidiu um dia, cair do céu, para ser humano, descanse na gélida sensação de ser humano.
Deixe que eu faça, uma ultima prece, para ser aceito de novo no Paraíso.