PROCURA-SE (2)
A Quem Possa Interessar
Minha querida afilhada, pensei que hoje já estaria respondendo a alguém, mas não. Você acredita que ninguém se comunicou comigo, diretamente? E foram dezessete leituras. Hoje andei remexendo em alguns livros e papéis antigos e já separei o que preciso para lhe escrever. Com o tempo, pretendo procurar alguns papéis especiais...É muito bom receber uma carta bem escrita, quiçá perfumada, ainda mais se for de uma amiga. Eu não gosto muito de papéis desenhados, mas gosto daqueles com marcas d’água bem suaves, eles mesmos em cores claras. Não precisamos usar apenas papel branco, não é mesmo?
Estive pensando no que vamos fazer, no que vamos nos tornar. Vamos nos tornar correspondentes. Eu serei sua correspondente e você será minha correspondente. Chique “no úrtimo”, como dizem, embora eu não goste muito dessas expressões. Por outro lado tenho achado muito divertida a escrita fonética da língua inglesa que a nossa amiga Estrelinha usa. Ela me escreve: “ailoviu” e eu respondo “ailoviutu” . Há outras coisas com as quais eu me divirto, mas essas duas foram as que me ocorreram agora. Mas, continuando, correspondente é aquilo que é próprio, adequado, e também o que é proporcional ou está em equivalência. Pessoas que se correspondem são proporcionais e estão em equivalência de interesses e assuntos e têm interesse proporcional, isto é, uma se interessa tanto pela outra, quanto a outra se interessa por uma... (não estranhe, andei lendo Cortazar)!
Assim, querida, creio que você tem razão. Precisamos retomar essa forma de valorizar a amizade. No momento estou escrevendo no PC, conversando com uma tela. Não há muita diferença entre conversar com um espelho, com uma tela, com as paredes ou falar sozinha. Nunca haverá uma resposta. Bem que eu tenho vontade de quebrar todos os espelhos, todas as telas e todas as paredes, só porque não me respondem...mas ainda resto eu (ou será que é resta eu?). Outra vantagem das cartas; você pode confessar que não sabe, sem preocupação. Não precisa ir correndo pesquisar na hora, com medo de passar vergonha. Sua amiga irá entendê-la e você pode pesquisar depois. Não precisa perder o fio da meada, ou da conversa (da escrita) par verificar se é “resta” ou “resto.”
E afinal, o resto é resto... Então, ainda resto (ou resta) "eu", e pareceria uma louca se ficasse respondendo para mim mesma. Outro problema em relação a isso é que ficam faltando parâmetros diferentes. Se “eu” estiver errada, sempre “eu” vou acabar me convencendo de que “eu” estou certa; ou quem sabe ‘eu” me convenço de que “eu” estou errada e fico muito braba com (migo) “eu” mesma. Que liberdade nos dá uma carta!!! Eu já havia esquecido disso. Na carta real, vou indicar-lhe o “endereço” desta carta virtual, porque você gostará de ler e comparar as duas.
Hoje as minhas reflexões estão mais superficiais. Estou guardando as questões mais profundas para amanhã.
Um grande beijo,
Fada Madrinha.
P.S. Usei Fada Madrinha porque você me disse que não gosta de
usar Nilza e vai continuar usando Bah ou fada Madrinha...
A Quem Possa Interessar
Minha querida afilhada, pensei que hoje já estaria respondendo a alguém, mas não. Você acredita que ninguém se comunicou comigo, diretamente? E foram dezessete leituras. Hoje andei remexendo em alguns livros e papéis antigos e já separei o que preciso para lhe escrever. Com o tempo, pretendo procurar alguns papéis especiais...É muito bom receber uma carta bem escrita, quiçá perfumada, ainda mais se for de uma amiga. Eu não gosto muito de papéis desenhados, mas gosto daqueles com marcas d’água bem suaves, eles mesmos em cores claras. Não precisamos usar apenas papel branco, não é mesmo?
Estive pensando no que vamos fazer, no que vamos nos tornar. Vamos nos tornar correspondentes. Eu serei sua correspondente e você será minha correspondente. Chique “no úrtimo”, como dizem, embora eu não goste muito dessas expressões. Por outro lado tenho achado muito divertida a escrita fonética da língua inglesa que a nossa amiga Estrelinha usa. Ela me escreve: “ailoviu” e eu respondo “ailoviutu” . Há outras coisas com as quais eu me divirto, mas essas duas foram as que me ocorreram agora. Mas, continuando, correspondente é aquilo que é próprio, adequado, e também o que é proporcional ou está em equivalência. Pessoas que se correspondem são proporcionais e estão em equivalência de interesses e assuntos e têm interesse proporcional, isto é, uma se interessa tanto pela outra, quanto a outra se interessa por uma... (não estranhe, andei lendo Cortazar)!
Assim, querida, creio que você tem razão. Precisamos retomar essa forma de valorizar a amizade. No momento estou escrevendo no PC, conversando com uma tela. Não há muita diferença entre conversar com um espelho, com uma tela, com as paredes ou falar sozinha. Nunca haverá uma resposta. Bem que eu tenho vontade de quebrar todos os espelhos, todas as telas e todas as paredes, só porque não me respondem...mas ainda resto eu (ou será que é resta eu?). Outra vantagem das cartas; você pode confessar que não sabe, sem preocupação. Não precisa ir correndo pesquisar na hora, com medo de passar vergonha. Sua amiga irá entendê-la e você pode pesquisar depois. Não precisa perder o fio da meada, ou da conversa (da escrita) par verificar se é “resta” ou “resto.”
E afinal, o resto é resto... Então, ainda resto (ou resta) "eu", e pareceria uma louca se ficasse respondendo para mim mesma. Outro problema em relação a isso é que ficam faltando parâmetros diferentes. Se “eu” estiver errada, sempre “eu” vou acabar me convencendo de que “eu” estou certa; ou quem sabe ‘eu” me convenço de que “eu” estou errada e fico muito braba com (migo) “eu” mesma. Que liberdade nos dá uma carta!!! Eu já havia esquecido disso. Na carta real, vou indicar-lhe o “endereço” desta carta virtual, porque você gostará de ler e comparar as duas.
Hoje as minhas reflexões estão mais superficiais. Estou guardando as questões mais profundas para amanhã.
Um grande beijo,
Fada Madrinha.
P.S. Usei Fada Madrinha porque você me disse que não gosta de
usar Nilza e vai continuar usando Bah ou fada Madrinha...