UMA CARTA II

Hoje o dia amanheceu ensolarado, mas essa solaridade terminou de maneira espantosa. Caiu uma chuva. Desagüou a metade do céu sobre a minha cabeça, lavando e levando numa enxurrada todas as idéias, as formulações e expectativas. Deixando-me petrificada. Pasma diante de mim mesma.

Claro, toda expectativa que criamos, tende a nos deixar assim, numa dependência existencial. Uma simbióse totalmente fragil... Deveriamos nos rotular, assim como as caixas que transportam produtos frágeis: Cuidado! Frágil! - ou - Cuidado, um ser idiota à frente! Com avisos assim ficaria mais fácil ... Poderiamos nos olhar no espelho e certificarmos de nossa fragilidade diraiamente e assim , gradativamente nos tornariamos fortes...

Ah, eu sei que voce pode não estar entendendo nada...Mas falar ou escrever me alivia! Então seja feita a minha vontade! Pelo menos aqui - eu posso! Não me leia, não me ouça, não me veja - mas não querira cercear meu direito de escrever.

Agora... Chove esta chuva fria e sem graça - mas até ontem, chuva era como um beijo em meus lábios... então, por que mudou?!
Por que agora cada gota dessa chuva tem um gosto acre e pesa como se fosse chumbo?!

Será que eu mudei?! Por que quando sinto dor, não consigo pensar com racionalidade?! Tenho Cérebro, Cerebelo, Lobo da Ínsula, todos os Giros e Sulcos - mas ainda não sei administrar a solidão, a tristeza, o desamor - tem que ter lógica?! Racionalizar?! Equacionar?! Ou se estabacar de cara no chão, como um figo podre?...

O que você acha que devo fazer?! Correr para baixo da cama como quando era pequena e queria fugir do mundo?! Acha que devo olhar-me no espelho e me dizer com todas as letras - "Mariame, você é uma tola! Cria histórias e feito criança, acredita em suas próprias fantasias e depois sofre e chora". Isso é coisa de maluco!

O que você faria?! Como devo me comportar, quando percebo que estou saido do ar, levantando vôo num balão que não pode sobrevoar nada, porque não aguenta o peso que eu acrescento a ele?!...
Devo pular?! Deixar o balão subir sozinho, carregando meus sonhos de menina e ficr sentada na grama, olhando para o céu azul?!!!

Ah, é dificil saber como agir! Eu confesso, estou triste e não sei como agir! deixo-me fazer essa tristeza como se fosse apenas um manto colocado sobre minhas costas...mas este manto tem espinhos e sangra minha pele... Por favor, retire-o! Deixa que eu mesma cuide de minhas feridas, aqui, loge de tudo. No meu refúgio de frente para as montanhas, onde ninguém sabe de mim...



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Luciah Lopez
Enviado por Luciah Lopez em 31/01/2008
Reeditado em 17/08/2009
Código do texto: T841107
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