Fugir também é viver
Ah, meu querido extraordinário, nesta tarde nublada de sábado, meu único desejo seria encontrar o aconchego de um arco-íris em seu abraço.
Ensinada desde sempre que mulheres são luz e têm um tipo de brilho próprio, me questiono em que momento fui apagada e me vi completamente acolhida pela mais pura melancolia.
Dias chuvosos, músicas tristes, solidão, café gelado... coisas que me trazem o que considero mais próximo da felicidade em minha deslocada vida.
Meu amado extraordinário, peço que me ajude. Nos últimos meses, vivo constantemente perdida em meus pensamentos.
A vida real se tornou um desconforto constante do qual sempre quero fugir e me esconder; o conforto do mundo criado pelas minhas ideias é, sem sombra de dúvidas, a mais pura definição de paraíso.
Estou há alguns minutos em meu quarto, simplesmente observando o dia passar diante da minha janela, bem diante dos meus olhos — tal qual minha vida se passa — e sempre me pego sentada, observando-a como telespectadora.
Sinto que há pessoas que simplesmente nasceram para a luz, natural ou até mesmo artificial; não tenho dúvidas de que nasci para ser uma figurante que morre esmagada por um carro no primeiro conflito da trama chamada vida.