CARTA ABERTA
Eu te desejo uma vida linda. Quem sabe, um dia, a gente se encontra mais maduros, remendados e curados das dores de outrora. Talvez, numa tarde qualquer, por acaso, a gente vire a mesma esquina e se depare um com o outro. Espero que, nesse dia, eu consiga te olhar nos olhos, estender a mão e te cumprimentar com leveza. Quem sabe eu possa até ouvir nossa música antiga com carinho, com uma pitada de nostalgia e talvez, sim, com um pouco de saudade.
Eu desejo, de verdade, que você fique bem. Sei que não foi justo da minha parte te machucar e te deixar ferido, sangrando pelo caminho. Mas eu precisava ir. Ainda não entendo quase nada, mas a cada dia estou me cuidando um pouco mais. Pode parecer egoísta, eu sei, mas precisei me retirar. Saí catando os cacos que deixei pelo caminho, tentando reconstruir o que restou de mim. Não dá para voltar atrás depois de tudo que aconteceu, e irremediavelmente, é preciso seguir em frente.
Hoje, estou criando uma nova rotina. Ocupo os espaços ociosos, preencho as frestas com poesia. Às vezes, me sinto sozinha então escrevo até me esvaziar, até me aniquilar nas palavras e esgotar tudo o que ainda sinto. Em outros momentos, me sinto revigorada, forte e sagaz para enfrentar esse futuro lindo que começa a se desenhar.
Desejo que você também tenha momentos de paz. Que, um dia, consiga me perdoar. Rezo para que sua alma floresça e que você encontre novos caminhos desta vez, mais floridos, mais arborizados. Tenho certeza de que muitas borboletas virão até você. Quem sabe um dia, após infindáveis dias de silêncio, possamos novamente trocar palavras afáveis e delicadas. Desejo, do fundo do coração, que você e eu nos curemos. Que, despidos do passado e de toda bagagem desnecessária, possamos mais leves seguir em frente.
Talvez a gente se reencontre. Talvez você nunca mais ouça falar de mim. E quer saber? Tá tudo bem assim.