CARTAS QUE NÃO ENVIAREI
"Me aproximo devagar
não ouso fazer barulho pra não assustar
chego de mansinho
e espero você me notar".
Estou escrevendo esta carta numa manhã nublada de abril.
Ela é endereçada a você, mas nunca chegará às suas mãos.
Depois de escrita, guardarei no fundo do baú de lembranças, e talvez, daqui a alguns anos, eu a encontre novamente , amarelada pelo tempo, carregada de saudades e segredos.
Hoje, quero abrir meu coração e lhe contar coisas que você nem imagina a meu respeito. Por exemplo: sonhei com você na noite passada.
Não foi um sonho erótico ou místico , na verdade, nem sei ao certo se sonhei ou se apenas acordei pensando em você. Só sei que sua imagem me acompanhou desde o primeiro instante do dia.
Aqui, nesta carta, posso confessar: me apaixonei por você.
Sim, foi naquela noite de carnaval, quando você me tocou e eu adormeci nos seus braços.
Para mim, aquilo foi mais do que uma aventura passageira , foi uma lembrança bonita, daquelas que a gente guarda com carinho e anseia que se repita.
Sei que para você talvez tenha sido apenas mais uma noite.
Meses se passaram, outras pessoas devem ter ocupado seu leito, seus pensamentos e desejos.
Mas eu ainda me lembro de cada detalhe.
De vez em quando, reconheço seu perfume em algum desconhecido na rua e meu coração desperta.
Você seguiu em frente assim que o dia amanheceu, enquanto eu criei expectativas, sonhos e ilusões. Não há futuro ou continuação., era um ponto final e eu insisti em reticências.
O que você não sabe é que ainda tento, silenciosamente, capturar sua atenção: frequento os mesmos bares, posto suas músicas favoritas, sigo seus passos pela cidade na esperança de reencontrá-lo por acaso, de receber seu olhar, sua atenção, mesmo que por um minuto.
Mas o destino não colabora.
Sempre chego atrasada.
Sabe, eu me apaixonei por você.
Pela sua voz, pelo seu toque, pelo que achei que poderíamos ser.
Queria dividir minha história com você.
Pena que você já está em outro capítulo. E eu não sei mais como continuar escrevendo...