Carta que nunca enviei
Talvez você nunca leia estas palavras. Talvez elas fiquem guardadas num caderno antigo ou se percam no tempo, como tantas coisas nossas. Mas hoje, precisei escrevê-las — por mim, por nós, por aquilo que ainda vive em silêncio dentro de mim.
Você foi um amor que não passou. Não falo de insistência ou apego... falo de presença. Há amores que não precisam estar para continuar sendo. E o seu, de alguma forma, ainda me habita. Nos cheiros que cruzam a rua, nas músicas que eu juro que evito, nos detalhes que o tempo, mesmo cuidadoso, não apagou.
Eu lembro. Lembro da sua risada que me fazia esquecer o mundo. Do jeito como você dizia meu nome — como se fosse poesia. Dos nossos silêncios confortáveis, dos toques que diziam mais do que qualquer palavra.
Não, não foi um amor perfeito. Mas foi inteiro. E isso me basta para chamá-lo de verdadeiro. Você me amou com o que podia, e eu amei com tudo o que tinha. Às vezes penso se teria sido diferente se fosse outro tempo. Mas o amor não espera o cenário ideal — ele acontece. E o nosso aconteceu bonito.
Hoje, não quero de volta o que fomos. Só quero que saiba — mesmo que nunca leia — que foi amor. Que ainda é lembrança boa. Que ainda escorre uma saudade discreta nos dias em que o coração resolve te procurar.
Essa carta é só um sussurro. Uma confissão sem plateia. Um "eu ainda sinto" dito com ternura. Porque você foi mais do que uma história... foi a página mais sentida do meu livro.
Com afeto que ainda floresce em silêncio,
Alguém que te amou de verdade.