Nota pública – Porque escrever não me obriga a aceitar agressão
Escrevo porque é assim que existo.
Escrevo porque penso, porque sinto, porque aprendi que a palavra pode ser minha casa — e também meu grito.
Mas escrever não me obriga a aceitar ser ofendida.
Não me obriga a suportar que homens despejem sobre mim suas frustrações, seus desejos não convidados, suas violências travestidas de “opinião”.
Nos últimos dias, venho recebendo mensagens que não são críticas — são ataques.
São palavras carregadas de ódio, de misoginia, de perversidade.
Meus textos foram usados como pretexto para me atacar enquanto mulher, me reduzir, me expor, me violentar.
E chega.
Essa nota é só pra dizer que não vou mais permitir.
Não vou silenciar pra parecer educada.
Não vou recuar pra não incomodar.
E não vou aceitar que alguém transforme a escrita — esse lugar que sempre foi meu — em um campo de batalha sujo, desleal, covarde.
A quem me lê com respeito, obrigada.
A quem escreve comigo, ao lado e não contra, sigamos.
Mas a quem me persegue, a quem me sexualiza, a quem me agride com palavras que só revelam o que existe de pior no outro — não há mais espaço.
Nem na minha caixa de entrada, nem na minha atenção, nem no meu silêncio.
Escrever nunca foi um convite à violência.
E ser mulher também não é. Aguardo um posicionamento dos Administradores do site Recanto das Letras sobre a tal conduta.
Simone
Continua...