Maravilhosa

Maravilhosa. Escrevo estas palavras com o coração transbordando de sentimentos, na intenção de exaltar tudo o que você é e tudo o que significa para mim. Desde a primeira vez que te chamei assim – maravilhosa –, lembro que foi por escrito, seguido de um áudio em que minha voz tremia de emoção. Suspirei seu nome como quem reconhece um destino inevitável, como quem sabe que encontrou algo raro e precioso. Eu sabia, desde aquele momento, que cruzar seu caminho seria uma das melhores coisas que já me aconteceram. E, claro, eu estava certo.

A intensidade tomou conta de mim. A ansiedade de te ver crescia a cada segundo, e nada mais parecia ter tanta importância quanto aquele momento. Adiei reuniões, deixei compromissos de lado, ignorei orçamentos prestes a serem aprovados – tudo para estar com você. Antes mesmo de te encontrar, já me fazia presente em sua vida. Era como se minha alma reconhecesse a sua antes mesmo de nossos corpos se tocarem.

Ansiava por nós, por um futuro que vislumbrei com uma clareza surpreendente. Via as possibilidades diante de nós com a certeza de que tudo valeria a pena. Seu brilho, sua inteligência, sua forma única de enxergar o mundo, suas palavras que me encantavam, nossas conversas repletas de humor e cumplicidade, nossas brincadeiras e, acima de tudo, nossos momentos – que pareciam capítulos de uma história escrita para ser inesquecível. Você, com sua mente brilhante, sua criatividade sem limites, seu olhar cativante, esse jeito amoroso, charmoso, misterioso. Você, tão glamourosa e ao mesmo tempo carente, deslumbrante e dengosa. Como eu poderia não te ver? Como poderia me referir a você de outra forma?

E então vieram os momentos que vivemos – intensos, apaixonados, únicos. Percebi, sem sombra de dúvida, que ficar longe de você não era uma opção. Você se tornou parte de mim de forma irrevogável, permanente, eterna. Mesmo que a vida nos levasse por caminhos diferentes, mesmo que o tempo e as circunstâncias tentassem afastar nossos corpos, sua essência permaneceu comigo.

Agora, mais de um ano depois, ainda sinto você. Ainda que sua presença não tenha sido constante, ainda que hoje não haja um compromisso formal, ainda que o silêncio, por vezes, tome conta… nada muda o que vivemos. Porque o que vivemos foi grande, foi real, foi nosso. E, de alguma forma, sempre será.

Tenho tido sonhos. Sonhos que sempre me levam a relembrar. Sonhos felizes que, ao acordar, me entristecem – simplesmente por não te ter mais, por saber que não tenho mais acesso a você. E, mesmo sabendo que nunca te causei mal intencionalmente, ainda que, de alguma forma, tenha te ferido sem querer, quero que saiba: nunca foi minha intenção. Nunca te desonrei, nunca fui desonesto, e sequer olhei para outra pessoa com qualquer intenção – não apenas por respeito, mas porque sabia que tinha tudo com você. Ninguém poderia me proporcionar o que vivemos juntos.

Hoje, escrevo com um misto de felicidade e pesar – com saudade e com o arrependimento de não termos tido um fim justo, um término que nos permitisse viver o luto necessário. Mas meu intuito aqui não é lamentar, e sim relembrar o quão extraordinária você é, o quão extraordinária você foi. Que honra ter tido você na minha vida. Que privilégio ter sido mais do que um simples ficante, ter sido seu namorado, seu amante de forma intensa e apaixonante, seu marido em sentimento.

É impossível esquecer seus comentários, sua forma inteligente de enxergar o mundo. Com metade da minha idade, você sempre demonstrou uma sabedoria imensa, vivida e madura, superando traumas com força, mantendo-se religiosa, temente e coerente.

Hoje, escrevo além do papel de um ex. Escrevo como alguém que te teve com ternura e amor. Ainda que saudoso, tento, com estas palavras, me despedir. Quero muito parar de sentir essa dor. Cada vez que sonho, volto a esse estado. Tento não escrever sobre você, mas isso parece impossível. Hoje, peguei o telefone três vezes para te dizer que você é e sempre será inesquecível. Te amar em silêncio foi a melhor escolha que fiz. Imagino o peso que teria em mim se expusesse o que ainda sinto.

O que me dói é ter sido desonesto com meus próprios sentimentos – talvez por não ter tido coragem de compartilhar um problema, por ter escolhido suportar tudo sozinho. Evitei te procurar, absorvi a dor, tentei superar tudo sem te mostrar minha fraqueza. Não queria que me visse como alguém incapaz de prover, alguém fragilizado por uma tragédia que ainda carrego. Mas agora estou perto de quitar essa dívida, de me reerguer. E percebo que minha atitude mais covarde foi abrir mão de você.