Oceano Verde
Vi em teus olhos o peso
de navegar sozinho
por mares densos e solitários.
Na despedida, descobri
que ainda chovia –
no verde do entardecer,
os olhos despertavam,
rompiam com o tempo
e se fundiam num só.
Este oceano infinito,
que carrega tantas histórias,
despertou a curiosidade
de um viajante frívolo como eu.
Então fui –
velejei por todos os cantos que pude.
Senti em meu peito
a carga emocional,
acolhida como se o mundo
pesasse demais.
E, cansado, pensei por um instante:
posso ser a calmaria
que tanto precisas?
Mesmo que relâmpagos
me toquem brevemente,
anunciando o dilema
dessa jornada incerta,
desejo voltar a navegar.
Mas preciso consertar meu barco,
sem ferir os peixes,
sem quebrar o fluxo do mar –
apenas apreciar a vista
dessa imensidão de sentimentos.
No dia em que retomar o labor,
avisarei aos mares:
não que os veja,
mas que estou de volta
para desbravar
os horizontes ocultos.
Com respeito, carinho
e todo o amor que resta em meu ser.