Eu te amo e isso basta <3

Não consigo mensurar o que carrego de ti. Não entendo as dores do parto de te deixar partir. Pensei que fazíamos mal um ao outro, mas percebo que são as lacunas e o limbo que nos fazem sacudir a razão. Sinto pena de nós—não pelo tempo ou pelo espaço que nos separam apesar de isso também me destruir, mas porque somos o carinho que acode, o detalhe que agrega, as vírgulas que ajustam nossas frases. Somos uma dupla. Mas você tem uma data de validade, e eu queria algo até que a morte nos separasse.

Sei que nossa intimidade vai morrer com o tempo. Mas vai morrer porque você carrega o amor para manter, e eu—incendiado por algo que não sei distinguir entre medo ou prazer—carrego o peso de amar por nós dois. Sempre quis ser o destinatário de uma carta de amor escrita por você. Mas fui o destinatário da sua carta de medo. Da sua carta de desapego.

Estamos armados ou estamos machucados? Sinto seu sangue em minhas mãos, mas não sei se fui eu quem cortou. Só sei que queria tanto ajudar a cicatrizar... Uma vez, no hospital, vi uma jovem falecer lentamente. Em uma de nossas últimas conversas, tive a companhia de sua mãe. Ela disse que o mais doloroso era não ter poder para salvar, mas que ainda havia o dom de amenizar a partida com doses de amor e afeto. Acho que estamos em um hospital, feridos pelo universo. Perdidos. Sozinhos. E te encontrar me deu forças. Mas eu me apego.

Queria alguém como você. Para me abraçar. Para ver filmes de terror comigo, porque eu não consigo ver sozinho. Para planejar comprar uma casa, organizar uma vida, fazer planos. É difícil aceitar que você prefere voltar para quem te feriu, ao invés de estender a mão e me dar a chance de te fazer feliz. Ou, se não for isso, ao menos me permitir amenizar a dor que o mundo te causa.

Somos amores distantes, separados pelo instinto do medo e da intensidade. Você teme dar errado. Eu temo dar certo. Fico triste porque, em mim, não cabe a segurança que você busca em alguém. Mas, em você, encontrei o conforto de um lugar que sempre quis chamar de lar.

Sua dedicação às coisas simples me faz me apaixonar mais e mais. Não pelo seu corpo, pelo tom da sua pele ou pelo mar verde dos seus olhos—mas pelo ritmo do seu coração. Pelo suspiro fundo que você dá quando está cansado. Pela vontade que eu carrego de te abraçar a cada instante.

Contigo, me encontro na paz e na calmaria. Mas te passo um redemoinho. E confesso: esse redemoinho é o medo da certeza de que, no dia em que você encontrar um lar, tudo o que temos vai sumir. E eu vou sofrer para te esquecer.

Então, tento te afastar como uma defesa. Mas meu coração bate acelerado e te puxa para perto—porque perder você é como perder uma parte de mim. Um detalhe precioso da minha vida.

Uma parte que me faz sentir que é confortável existir contigo. Queria tanto que você sentisse o mesmo. Seria tão gostoso, tão mais intenso. Não fizemos bem um para o outro no início, pois estávamos em momentos opostos. Eu nego que necessito de ti para ser feliz porque não quero transparecer uma dependência, mas a vida fica tão sem graça sem tua companhia. As coisas são como são, mas com você é como um plano extra, aquele super combo do Mortal Kombat ou uma música perfeita no jogo de dança do nosso fliperama.

Não quero ser mais um na sua vida e não quero que você seja mais um na minha. Eu queria terminar o texto com um pedido de namoro, mas só consigo pensar que este texto se encerra com minhas lágrimas de sangue. Talvez eu nunca te envie este texto, mas se um dia eu te enviar, saiba que eu tentei, de todas as formas, fazer você me enxergar como aquele que mais te amou sem esperar algo em troca. Eu busco que você seja feliz, mesmo sabendo que isso significa amar outro alguém. Abri mão da minha vida e saúde mental só para te manter perto porque eu sei que isso vai te fazer melhor. Eu estou me matando por amar, é irônico, eu diria, mas faz parte. Você jogou sua camisa ao chão para me proteger, eu corto minha pele e te cubro para te aquecer. Não sou nada e nem tenho nada a te oferecer senão meu ser. Aceite meu amor, sem reciprocidade, mas aceite o fato de que, em algum momento da sua vida, alguém te amou mesmo sabendo que um dia já ia terminar.

Buba, você é a principal razão de eu ainda não ter desistido. E não digo da vida, digo de nós dois. Sou feliz por tê-lo no presente comigo, apesar de chorar com a ansiedade me mostrando você com outras pessoas no futuro. Talvez esse seja o meu maior problema, amar algo que não posso ter de jeito algum. É icônico pensar que planejei uma viagem pensando em me despedir de tudo e voltei planejando me mudar para a sua cidade porque queria te ver pelo menos duas vezes por semana. Isso me bastaria. Sentir seu cheiro, seu abraço e o calor da sua mão...

Eu te amo de forma doentia, mas não porque me odeio, e sim porque vi em você coisas que o mundo me sufocava e que envolviam amar alguém sem nunca ter tocado. Queria tanto que você sentisse minha falta. Queria tanto que você me chamasse de seu, assim como eu queria te chamar de meu. Egoísta? Eu sei. Mas fazer o quê? Não quero te perder.

Mamoro Yanagiya
Enviado por Mamoro Yanagiya em 26/02/2025
Código do texto: T8273174
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