Oceano Silencioso
Eu tenho medo do silêncio ensurdecedor do meu quarto gritando enquanto tento dormir. Tenho medo do vazio, do oco e do caos que se instaurou em mim. O silêncio continua a me seguir. Grito tentando me encontrar e tentando entender o que fazer com todo aquele vazio que fez morada em mim, que criou um condomínio de caos no meu âmago. Que me fez irreconhecível.
As noites já não são mais agradáveis como costumavam ser. As manhãs já não são mais alegres a espera de um milagre.
Onde está meu milagre?
Até que ponto eu preciso ficar aguardando algo, alguém, ou eu mesma vir e me salvar?
O silêncio continua me prendendo no mesmo lugar. Não sei mais meu nome, para onde vou ou onde começo. Não sei mais quem sou, por que sou, e o que fui.
Tudo em mim é caos.
Tudo em mim é vazio.
Onde está aquela menina, garota, mulher que era oceânica?
Onde a brisa do sentir foi repousar?
Em que lugar do caminho eu perdi meu rumo?
O vazio se torna minha nova morada.
Meu novo lar.
Odeio o fato de não ser mais oceânica, de não vivenciar a toda semana amores que irão, podem acreditar nisso, me quebrar por inteira. Odeio o fato de não me quebrar por inteira. Pelo menos assim eu saberia que estaria viva, sentindo, e que, mesmo que minimamente, alguém me veria com mais carinho, nem que fosse por dias ou meses.
Não menciono anos na minha contagem. Ninguém nunca ficou tempo suficiente para me encontrar inteira, curada e livre do caos dos antigos amores. Todos vieram, me quebraram e se foram.
Mas depois disso, depois do caos e dos turbilhões de sentimentos que eu vivencie, eu me pergunto, em que momento eu me silenciei? Em que momento tudo em mim que era demasiado se esvaiu?
Gostaria de saber qual esquina adentrei e não saí.
Gostaria de saber meu caminho de volta.
O silêncio ensurdecedor do meu quarto me pede redenção.
O silêncio continua a me seguir.
Em que momento do caminho perdi meu oceano?