PÁSSAROS E LÍRIOS

CONTIGO, LÍRIOS BRANCOS!

Todos os pássaros cantam para ti, quando tua luz ilumina os campos dos devaneios, pois sois a melodia que eles tanto esperam ao amanhecer, de todos os dias, quando despertas em uma sintonia inimaginável. Vem de maneira misteriosa, o que faz com que minha alma inquieta-se, tendo-te por essência, a donzela de outras épocas. Deslumbras com sua dança, e nela, festejas a vida que amas, conduzindo-me a não entendê-la, mas sim, a descrevê-la de imediato.

Cativas com seu rosto desnudo, onde lembra a própria imagem dos lírios brancos, e assim, exalas o perfume do mais sublime das perfumarias não feitas pelo homem, já que és a natureza em sua magnífica forma de ser. Como não contemplar-te, Evelyn, se transpassas minhas ideias com teu olhar virtuoso, que banha-me com teus versos sinceros e corajosos, numa independência que admira-me. Tuas mãos são como as pétalas que vão caindo pelo chão dos suntuosos templos, nas primaveras.

Ah, quantos segredos trazes! E nenhum deles, eu quero desmistificar. Contudo, não posso negar que essa sua mística, são como enunciei no poema seu, que tem o seu prenome, até pelo fato dele ser a tradução mais terna, no qual encontrei. Diz: “E sois como avelã ou maçã no hebraico”. Sim, o fruto da aveleira, cuja semente é levemente adocicada. Desta maneira, a escrita não esquece, mas recorda de que seus pormenores, são-me o néctar dos quais os deuses, concede a imortalidade.

Creio que deverias receber um laço de cetim com as suas flores prediletas e, nas suas madeixas líricas, a beleza estamparia qualquer página de obras clássicas já grafadas. Serias permanentes nelas, e quem a lesse, estaria ininterruptamente sendo levado para a cidade de Tróia, onde Helena fora viver e reinar com Páris. Ilíada de Homero, no livro III, fala-nos: “A cigarra que n’árvore pousadas, / A selva adoçam com suave canto. / Á torre vendo aproximar-se Helena…”.

Nisso, penso que se ela estivesse dentro da torre, se estaria com seu olhar visível em algum ponto distante, ao estar de pé na janela. Então, eu poderia estar com a respiração suspensa, ao acompanhar o seu coração perfeito, entre fases da lua, se acaso fosse noite. Obviamente, tu serias ela, a visitar-me sem demora, enquanto consumia-me das palavras soltas, mas que sois capaz, de certa forma, de vir, com a sua gentileza, a devolver-me para que elas não percam-se no meio do caminho. Diga-me, que cor colocas em teus lábios, a ponto de esta carta ser o berço do romantismo do século XVIII?! Só pela mesma missiva, é a razão pela qual a sua resposta poderá ser, doravante, respondida com exatidão, ou ocultada em questão, ou quem sabe dita, em partes.

Carta Romancista, n.02 / n.02 de 2024.

CARTA PARA A LINDA EVELYN.

Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor)
Enviado por Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor) em 03/12/2024
Código do texto: T8210758
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.